Centenas de milhares de pessoas em Tigray ainda sem acesso a ajuda
As Nações Unidas alertaram hoje para a deterioração da situação humanitária na Etiópia, onde centenas de milhares de pessoas continuam sem receber ajuda desde que o conflito em Tigray começou, em novembro, devido a restrições no acesso à região.
© EDUARDO SOTERAS/AFP via Getty Images
Mundo Etiópia
"A falta de alimentos, água e saneamento está a afetar muitas pessoas, ao ponto de já ter sido noticiado um aumento da desnutrição e das doenças relacionadas com a desidratação", disse o porta-voz do Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários da ONU (OCHA), Jens Laerke, numa conferência de imprensa em Genebra.
Além disso, de acordo com informações deste gabinete e do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), a violência em Tigray está a aumentar e continuam a chegar notícias de civis feridos e mortos no conflito, principalmente nas zonas rurais da região.
As agências das Nações Unidas, juntamente com algumas organizações não-governamentais, conseguiram chegar a algumas áreas, principalmente nas cidades, onde as autoridades permitiram o acesso.
No entanto, o número de pessoas que puderam ajudar é muito baixo em comparação com os 2,3 milhões de pessoas que necessitam de assistência humanitária urgente em todo o Tigray.
O impedimento a esta ajuda humanitária deve-se à insegurança em algumas áreas, mas também a obstáculos burocráticos das autoridades federais e regionais, pelo que a Organização das Nações Unidas (ONU) voltou a solicitar o acesso imediato.
A situação nos campos de refugiados eritreus em Tigray é também muito preocupante, uma vez que a ONU ainda não tem acesso a dois dos colonatos no norte da região, segundo o porta-voz do ACNUR, Babar Baloch.
Por outro lado, mais de 58.000 pessoas atravessaram a fronteira para o Sudão desde o início do conflito, cerca de 500 por dia, segundo o ACNUR, que está a concentrar-se na sua deslocação para aliviar as zonas fronteiriças.
"A transferência da fronteira para os campos de refugiados pode levar de 10 a 15 horas", acrescentou o representante do ACNUR no Sudão, Axel Bisschop.
As pessoas que chegam da Etiópia, de todas as camadas sociais, relatam dificuldades em chegar ao Sudão devido à presença de postos de controlo, segundo Bisschop.
Em relação à situação da covid-19 nos campos de refugiados, Baloch insistiu no seu apelo a todos os governos para que tornassem estas pessoas parte dos seus planos nacionais de vacinação.
O conflito na Etiópia começou no início de novembro, quando a Frente de Libertação do Povo Tigray (TPLT) se rebelou quando as autoridades federais, lideradas pelo Nobel da Paz Abyi Ahmed, decidiram adiar as eleições devido à pandemia de covid-19.
Em 28 de novembro, após a tomada do controlo militar da capital regional, Mekele, pelas tropas federais, o primeiro-ministro etíope, anunciou o fim da ofensiva armada contra a região, o que é negado pela ONU.
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