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Itália em crise política com demissão de duas ministras

Duas ministras italianas apresentaram hoje a demissão e abriram uma crise política, dado que ambas pertencem ao partido Itália Viva (IV), integrados na coligação governamental, deixando o primeiro-ministro Giuseppe Conte sem a maioria no Senado.

Itália em crise política com demissão de duas ministras
Notícias ao Minuto

18:32 - 13/01/21 por Lusa

Mundo Itália

Numa conferência de imprensa, o presidente do Itália Viva, o antigo primeiro-ministro Matteo Renzi, anunciou a demissão das ministras da Agricultura, Teresa Bellanova, e da Família, Elena Bonetti.

Renzi tem criticado a gestão, que considera "solitária", da pandemia e discorda do plano idealizado pelo primeiro-ministro para absorver e aplicar os mais de 200 mil milhões de euros que a União Europeia (UE) deverá disponibilizar em breve no quadro do relançamento económico e do combate à crise sanitária.

A discórdia levou o Governo de Conte a aprovar terça-feira, em Conselho de Ministros, uma nova versão do plano, em que as duas ministras do Itália Viva se abstiveram.

"Não permitiremos a ninguém ter plenos poderes. Isso significa que o hábito de governar com decretos-leis que se transformam noutros decretos-leis [...] representa, para nós, um atentado às regras de jogo. Pedimos o respeito pelas regras democráticas", afirmou Renzi, que também excluiu qualquer apoio à oposição da direita italiana.

"Não temos preconceitos nem sobre os nomes, nem sobre as fórmulas", acrescentou Renzi, parecendo assim aberto a um possível novo Governo liderado por Conte. 

Ao mesmo tempo, descartou qualquer apoio à oposição de direita e, em particular, à extrema-direita da Liga Norte, de Matteo Salvini.

"Jamais daremos vida a um governo com as forças da direita soberanista contra quem combatemos", frisou.

O Governo de Conte estava há várias semanas a ser alvo de críticas do líder do Itália Viva, pequeno partido cujo apoio é crucial para a sobrevivência do executivo.

As demissões surgem numa altura em que Itália está a ser atingida fortemente pela pandemia de covid-19, tendo hoje ultrapassado as 80 mil mortes em mais de 2,3 milhões de casos de contágio desde o início da crise sanitária, em fevereiro de 2020, tendo o Governo anunciado hoje, paralelamente, a prorrogação do estado de emergência no país até 30 de abril.

E foi precisamente esse argumento utilizado hoje por Conte antes da conferência de imprensa de Renzi, que considerou que uma crise política não seria compreendida pela população italiana, sublinhando que Itália está a enfrentar uma situação "tão difícil com tantos desafios".

Na mesma ocasião, Conte disse estar a "trabalhar no desenvolvimento de um programa para o final da legislatura" e apelou a que se trabalhe "de forma construtiva" para se "encontrar uma melhor coesão das forças da maioria".

Na altura Conte já tinha conhecimento de que Renzi convocara para hoje à tarde uma conferência de imprensa em que iria anunciar a demissão dos dois ministros que representam o seu partido e a saída deste da coligação.

Como cenário possível, Conte poderá pedir um voto de confiança ao Parlamento, esperando obter votos suficientes da oposição para compensar a saída do partido de Renzi, embora a opção pareça pouco provável, segundo a agência France-Presse.

Sem os 18 senadores da Itália Viva, Conte precisará de novos apoios no Senado, enquanto na câmara baixa a sua maioria é suficiente.

Uma outra hipótese seria um novo governo de Conte. O primeiro-ministro poderia demitir-se e obter um novo mandato do Presidente italiano, Sergio Mattarella, para uma equipa renovada.

Conte esteve reunido hoje a seu pedido com o chefe de Estado.

Terceira economia da zona euro e o primeiro país europeu a ser atingido duramente pela epidemia, Itália enfrenta a sua pior recessão desde a Segunda Guerra Mundial.

A crise governamental poderá ainda dificultar a aprovação de um novo plano de ajudas públicas de vários milhares de milhões de euros para apoiar os setores mais afetados pelos confinamentos para travar a progressão do novo coronavírus.

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