Os cenários possíveis numa Itália à beira de uma crise política
A Itália está hoje à beira de uma crise governamental, depois de o antigo primeiro-ministro Matteo Renzi admitir estar disposto a retirar o apoio do seu partido á coligação no poder.
© Reuters
Mundo Itália
Dois ministros do partido de Renzi, o Itália Viva (IV), poderão abandonar o executivo de Giuseppe Conte após o Conselho de Ministros convocado para hoje ao fim da tarde em Roma para aprovar os planos de despesas dos fundos europeus destinados a relançar a economia do país após a pandemia de covid-19.
A crise política que se seguirá vai desenrolar-se num contexto de pandemia do novo coronavírus, agravado por uma profunda recessão económica.
Seguem-se os cenários possíveis:
+++ ConteIII +++
O primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, entrega a demissão ao Presidente de Itália, Sergio Mattarella, e procura obter um novo mandato parlamentar para um Governo que será remodelado.
No quadro da remodelação, o partido de Renzi, que controla atualmente a pastas da Agricultura e dos Assuntos familiares, poderá propor pastas ministeriais mais importantes.
Essa opção, considerada como a mais provável, depende, todavia, da vontade de Conte e de Renzi ultrapassarem as divergências que se estão a tornar cada vez mais pessoais.
Conte tornar-se-á primeiro-ministro pela terceira vez consecutiva desde 2018.
+++ Conte fica e Renziperde +++
Conte poderá afrontar Renzi no Parlamento, pedindo um voto de confiança para o seu Governo, e tentar obter votos suficientes da oposição para sobreviver, mesmo que o IV se retire da coligação.
Trata-se de uma estratégia de alto risco, uma vez que a Força Itália, partido conservador do antigo primeiro-ministro Silvio Berlusconi, se perfila como a candidata mais provável para resgatar Conte.
No entanto, Berlusconi assegurou já que não tem qualquer intenção de o fazer.
***Novo líder mas com que coligação? +++
Se Renzi insistir no facto de que o preço da sua fidelidade à coligação no poder é a nomeação de um novo primeiro-ministro, Conte poderá ficar sem emprego.
Mas as hipóteses de Renzi reivindicar essa vitória são muito pouco prováveis, sobretudo devido ao Movimento 5 Estrelas (M5S, antissistema), o mais importante partido do Governo, que se opõe a essa opção e de que Conte é a expressão.
Além disso, um novo primeiro-ministro poderia ser escolhido se fosse formada algum tipo de grande coligação, incluindo pelo menos parte da oposição, sem a presença da atual correlação de forças.
O cargo poderá então recair sobre uma personalidade independente, como a antiga presidente do tribunal Constitucional, Marta Cartabia. Se assim for, Cartabia tornar-se-á a primeira mulher a chefiar um Governo em Itália.
+++A opção nuclear: eleições antecipadas +++
Se a crise política se tornar insolúvel, Sérgio Mattarella poderá ser obrigado a dissolver o Parlamento e a convocar novas eleições, antecipando-as em dois anos.
Segundo as sondagens a oposição de direita e da extrema-direita vencerão as eleições, o que constitui mais um motivo para os partidos no poder evitarem tal cenário.
Sair do governo significaria também para os partidos no poder não serem capazes de decidir sobre o uso dos fundos de estímulo europeus, nem de orientar a eleição do próximo presidente quando o mandato de Mattarella terminar dentro de um ano. Em Itália, o presidente é eleito pelo Parlamento.
A opção eleitoral também tem de ter em conta a atual pandemia de covid-19, que já matou cerca de 80.000 pessoas em Itália, pelo que contexto da crise sanitária complica a organização de uma votação.
Leia Também: Itália notifica 12 mil novos casos e 448 óbitos nas últimas 24 horas
Consolidação de crédito: Perdido com vários créditos? Organize-os, juntando todos numa só prestação
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com