Obrador recusa pronunciar-se sobre violência em Washington
O Presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, recusou hoje pronunciar-se sobre a violência em Washington causada pelos apoiantes do Presidente cessante Donald Trump, argumentando que a política mexicana para o estrangeiro não é de intervenção.
© Getty Images
Mundo México
"Não vamos intervir nestes assuntos que preocupam os norte-americanos. Essa é a nossa política, é o que posso comentar", disse López Obrador, questionado durante a sua conferência de imprensa matinal no Palácio Nacional.
As declarações do chefe de Estado mexicano ocorrem um dia depois do ataque ao Congresso, em Washington, por apoiantes de Trump - que se recusaram a reconhecer a sua derrota eleitoral -, num cerco que durou quase quatro horas e deixou quatro mortos, 14 polícias feridos e pelo menos 52 detidos.
Países como Canadá, Espanha, Reino Unido, França, Austrália e outros latino-americanos como Chile, Argentina, Uruguai, Colômbia e até Venezuela comentaram o caso, mas López Obrador insistiu que a Constituição do México não permite dar opinião.
"A Constituição estabelece a solução pacífica das disputas nos conflitos internacionais e isso também deve ser a norma internamente, caso contrário não nos posicionamos, queremos que sempre haja paz, que prevaleça a democracia, que é o poder do povo, e que existam liberdades, só isso", comentou.
A posição de López Obrador contrasta com a do presidente do Senado, Eduardo Ramírez, e do líder da Câmara Alta, Ricardo Monreal (do Movimento de Regeneração Nacional), que condenaram os acontecimentos em Washington.
"Juntamo-nos à rejeição generalizada do assalto ao Capitólio por parte daqueles que desejam obstruir o processo legislativo de transição do poder nos Estados Unidos, que já custou vidas. A nossa solidariedade aos legisladores, parlamentares e ao povo norte-americano", disse Ramírez.
Embora o Presidente tenha defendido a sua neutralidade, recebeu críticas da oposição mexicana por oferecer asilo político ao ex-Presidente da Bolívia, Evo Morales, e ao fundador do Wikileaks, Julian Assange.
Os políticos da oposição também o acusaram de ajudar na campanha de reeleição de Trump com a sua visita a Washington em julho passado, a única viagem ao estrangeiro que fez como chefe de Estado.
Além disso, López Obrador demorou cerca de um mês para reconhecer Joe Biden como Presidente eleito, lembrando a fraude eleitoral que afirma ter sofrido em 2006, quando perdeu a Presidência para o agora ex-presidente Felipe Calderón.
O Presidente mexicano, que se gabou do "ótimo relacionamento" com Trump, limitou-se a pedir hoje que a paz prevaleça.
"É sempre muito lamentável que se percam vidas humanas, é isso que podemos expressar. Procuramos sempre que todos os conflitos, e isso vale para política externa e política interna, sejam resolvidos por meio do diálogo e de forma pacífica", afirmou López Obrador.
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com