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Hong Kong: Detenções visam criar terror e silenciar dissidência

A Frente Cívica de Direitos Humanos (FCDH) condenou a detenção de cerca de 50 pessoas hoje em Hong Kong, entre ativistas e políticos, por supostamente violarem a Lei da Segurança Nacional imposta por Pequim à antiga colónia britânica.

Hong Kong: Detenções visam criar terror e silenciar dissidência
Notícias ao Minuto

10:42 - 06/01/21 por Lusa

Mundo Hong Kong

Em comunicado, a FCDH "condena as acusações imprudentes e detenções pela polícia, pois estão a criar terror (...) na cidade, a fim de silenciar a dissidência".

"A liberdade de expressão, a liberdade de imprensa, o direito de eleger e de ser eleito, de que em tempos nos orgulhámos, estão-nos a ser retirados", acusou a organização, que representa mais de uma dezena de partidos e organizações não-governamentais e promoveu os maiores protestos pró-democracia que aconteceram ao longo do ano passado na região administrativa especial chinesa.

"Exigimos ao governo de Hong Kong que liberte todos os prisioneiros políticos, que acabe com a perseguição política de massas e que acabe com a erosão da nossa liberdade", pode ler-se na mesma nota.

No comunicado, intitulado de "A grande purga", a FCDH declarou que foram detidos mais de 50 políticos pró-democracia "acusados de violação da Lei de Segurança Nacional", entre eles "médicos, advogados, ex-legisladores e conselheiros distritais".

A mesma organização indicou que foram realizadas buscas em habitações, escritórios e clínicas, sendo que empresas de 'media' ficaram obrigadas a entregar materiais relacionados com as eleições primárias organizadas em julho pelo campo pró-democracia antes das eleições legislativas de setembro.

As legislativas foram posteriormente adiadas devido à pandemia do novo coronavírus, justificaram então as autoridades locais.

O futuro chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken, já veio defender que as detenções efetuadas representam um "ataque" aos "direitos universais".

"As detenções em massa de manifestantes pró-democracia são um ataque aos que defendem corajosamente os direitos universais", escreveu Blinken na sua conta na rede social Twitter.

A futura "administração vai estar ao lado do povo de Hong Kong e contra a repressão da democracia em Pequim", acrescentou aquele que foi escolhido pelo Presidente eleito, Joe Biden, para ser o próximo secretário de Estado.

A maioria dos detidos tinha organizado ou participado nas 'primárias', como parte de uma estratégia para obter "mais de 35" deputados no Conselho Legislativo, de forma a assumir o controlo da legislatura que integra 70 membros.

A legislação imposta no território em 30 de junho por Pequim prevê a prisão perpétua (o que não sucede em Macau, a outra região administrativa especial chinesa) e a punição para quatro tipos de crimes: atividades subversivas, secessão, terrorismo e conluio com forças estrangeiras que ponham em risco a segurança nacional.

Tal como acontece com Macau desde 1999, para Hong Kong foi acordado a partir de 1997 um período de 50 anos com elevado grau de autonomia, a nível executivo, legislativo e judicial, com o governo central chinês a ser responsável pelas relações externas e defesa, ao abrigo do princípio "um país, dois sistemas".

O Governo chinês criou o Gabinete de Salvaguarda da Segurança Nacional em Hong Kong, oito dias após a entrada em vigor da nova legislação e a polícia passou também a ter poderes reforçados, para garantir o cumprimento da lei, criticada pela comunidade internacional, advogados, ativistas e jornalistas.

O documento surgiu após repetidas advertências do poder comunista chinês contra a dissidência em Hong Kong, abalada em 2019 por sete meses de manifestações em defesa de reformas democráticas e quase sempre marcadas por confrontos com a polícia, que levaram à detenção de mais de nove mil pessoas.

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