Justiça abre processo contra antigo presidente Bozizé por "rebelião"
A justiça da República Centro-Africana (RCA) abriu um processo, por "rebelião", contra o antigo presidente François Bozizé, acusado de liderar uma "tentativa de golpe" durante as eleições presidenciais de dezembro, anunciou hoje o Ministério Público.
© SIMON MAINA/AFP via Getty Images
Mundo RCA
"Foi aberto um inquérito judicial" contra o antigo chefe de Estado, que foi derrubado em 2013 e cuja candidatura às eleições tinha sido invalidada, disse, em comunicado citado pela agência France-Presse, o procurador-geral de Bangui, Laurent Lemganmde, segundo o qual estão em causa "atos de desestabilização e rebeliões em curso".
Bozizé regressou à República Centro-Africana um ano antes das eleições presidenciais e legislativas de 27 de dezembro, apesar de ter sido acusado de "assassinato" e "tortura" durante os seus 10 anos à frente do país (2003-2013).
A sua candidatura presidencial foi invalidada em 03 de dezembro pelo Tribunal Constitucional com o fundamento, entre outros, de que Bozizé se encontrava sob sanções da Organização das Nações Unidas por alegadamente apoiar grupos acusados pela ONU de crimes de guerra e crimes contra a humanidade entre 2013 e 2015, no auge de uma guerra civil que ainda hoje se mantém.
O antigo chefe de Estado aceitou a invalidação da sua candidatura em 15 de dezembro, mas quatro dias depois foi acusado pelo Governo do Presidente Faustin Archange Touadéra, o favorito para ganhar um segundo mandato, de "tentativa de golpe de Estado", encabeçando uma coligação de rebeldes que anunciou que queria confiscar "todo o território" e que contestava a realização de eleições.
Em 20 de dezembro, o partido de Bozizé negou a "tentativa de golpe", mas o antigo presidente anunciou finalmente em 27 de dezembro, dia das eleições, que apoiava a causa da rebelião e apelou a um boicote às urnas de voto.
Mais de duas semanas após o anúncio da sua ofensiva, os grupos armados, que já controlavam dois terços da RCA, quase não ganharam terreno contra o destacamento de forças de segurança, forças de manutenção da paz da ONU e centenas de reforços fortemente equipados, principalmente paramilitares russos enviados por Moscovo e forças especiais ruandesas.
Portugal tem atualmente na RCA 243 militares, dos quais 188 integram a missão da ONU (Minusca) e 55 participam na missão de treino da União Europeia (EUTM), liderada por Portugal, pelo brigadeiro general Neves de Abreu, até setembro de 2021.
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