Mali investiga suspeitos de criação de plano de destabilização do país
A Justiça do Mali anunciou hoje a abertura de uma investigação por "atentado à segurança do Estado", confirmando, pela primeira vez, suspeitas de que personalidades recentemente detidas estariam envolvidas num plano de desestabilização das instituições de transição.
© Reuters
Mundo Mali
Isto, quatro meses após um golpe de Estado que levou à queda do Presidente do país Ibrahim Boubacar Keïta.
"Na sequência de uma denúncia dos serviços de segurança, de atos de violação da segurança do Estado foi aberta uma investigação preliminar pelo Serviço de Investigação Judicial (SIJ) da polícia nacional", disse o procurador, Mamoudou Kassogué, num comunicado.
"Os suspeitos (...) foram colocados à disposição desta unidade para fins de investigação", que "prosseguem atualmente", acrescentou o procurador, a primeira entidade a comentar a detenção, desde 21 de dezembro, de meia dúzia de pessoas pela Direção-Geral dos Serviços do Estado (DGSE).
A figura mais proeminente citada pelo procurador é o ativista e apresentador de rádio, Mohamed Youssouf Bathily, conhecido como "Ras Bath", que é muito popular entre os jovens.
"O meu cliente está bem, não está a ser maltratado, mas tem a cabeça rapada e o seu cabelo comprido (do tipo Rasta) desapareceu", disse hoje a sua advogada, Zana Koné, à agência de notícias francesa AFP.
O meio-irmão do antigo primeiro-ministro Boubou Cissé, Aguibou Tall, e o secretário-geral do Presidente, Sékou Traoré, estão também na lista de pessoas visadas pela investigação.
Boubou Cissé, o último primeiro-ministro do ex-Presidente Ibrahim Boubacar Keïta, tinha negado formalmente, a 23 de dezembro, qualquer envolvimento num plano de desestabilização das instituições de transição, que teria por objetivo trazer os civis de volta ao poder no prazo de 18 meses, já que após o golpe de Estado este é dominado por militares.
A 24 de dezembro, homens armados, não identificados, revistaram a casa de Boubou Cissé em Bamako durante a sua ausência, de acordo com os seus advogados.
As personalidades detidas foram visitadas na prisão, nos dias 24 e 27 de dezembro, por uma delegação da Associação Maliana dos Direitos Humanos (AMDH), informou a ONG. Agora, devem ser apresentados rapidamente ao procurador, que poderá decidir se os acusa ou não, ou se os coloca em prisão preventiva.
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