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Mundo cada vez mais atento a ataques jihadistas em Moçambique

O balanço de 2020 em Moçambique é de extremos: o país passou a ser palco do maior investimento privado de África e da mais recente ameaça de terrorismo extremista do continente, provocando uma crise humanitária que despertou a atenção internacional.

Mundo cada vez mais atento a ataques jihadistas em Moçambique
Notícias ao Minuto

15:28 - 25/12/20 por Lusa

Mundo Moçambique

No meio de tudo isto, Moçambique acabou por ter melhores estatísticas na área da Saúde do que os países vizinhos no que à covid-19 diz respeito, mas o impacto económico foi duro.

O Banco Mundial estima que o país tenha perdido 120.000 empregos devido à pandemia e a crise económica que lhe está associada estão a agravar a insegurança alimentar - que já afetava de forma crónica cerca de 1,6 milhões de moçambicanos, segundo dados do Programa Alimentar Mundial (PAM).

De acordo com a análise periódica da rede humanitária de Alerta Antecipado de Fome (rede Fews), "prevê-se que a assistência alimentar cubra menos da metade das necessidades estimadas, de novembro a março de 2021".

Para já, pouca diferença lhes tem feito que Moçambique passe a acolher o maior investimento privado em África.

Agências de comércio externo e bancos emprestaram este ano os 15,8 mil milhões de dólares que faltavam para completar o orçamento total de 23 mil milhões de dólares do megaprojeto de gás natural da Área 1 da bacia do Rovuma - do consórcio liderado pela petrolífera francesa Total.

O ano de 2024 continua a ser a meta para o início da produção, apesar dos obstáculos.

Os ataques terroristas com ligações extremistas ao grupo 'jihadista' Estado Islâmico, e outras ainda por esclarecer, têm poupado a área de investimento, mas estão perto e colocam mais pressão sobre a segurança e logística, com a petrolífera Total a apoiar as tropas moçambicanas.

Este ano, houve vilas tomadas de assalto e ocupadas, 'raids' destruidores e massacres.

Os ataques cresceram para níveis inéditos e os números do terror são avassaladores: mais de 2.000 mortes e 560.000 pessoas deslocadas numa dispersão crescente que já chega ao centro do país.

Neste cenário, continua adiado metade do investimento previsto no gás natural - a Total avançou, mas a Exxon Mobil (Área 4) adiou para um futuro incerto a decisão final de investimento, deixando indefinidas as receitas que o Estado moçambicano espera receber.

O ano de 2020 ficou marcado pelo início de uma nova etapa na relação entre a União Europeia (UE) e o Governo moçambicano: foi subscrito um apoio direto ao Orçamento do Estado de 100 milhões de euros, modalidade suspensa desde 2016 devido às dívidas ocultas e agora retomada por causa da covid-19.

A dívida pública de Moçambique equivale a 12.370 milhões de dólares, anunciou o ministro da Economia e Finanças, Adriano Maleiane, em novembro, no parlamento.

As dívidas das empresas Proindicus e MAM (Mozambique Asset Management), ligadas às dívidas ocultas, foram excluídas desta apresentação: Maleiane explicou que o Estado acionou em tribunais de Londres processos contra o Credit Suisse e o banco russo VTB com vista à nulidade de ambos os empréstimos e que aguardam desenvolvimentos em 2021.

Num ano marcado pelo regresso de uma onda de raptos a empresários, com um total de 11 casos registados pelas autoridades, os Direitos Humanos e liberdades foram seriamente abalados.

As forças de defesa e segurança foram acusadas de tortura e outras atrocidades em Cabo Delgado com base em vídeos e depoimentos analisados por organizações internacionais, sendo que logo em abril o próprio Presidente da República pedia punição dura face aos primeiros relatos.

Correu mundo, em setembro, o vídeo de soldados a abater pelas costas uma mulher indefesa, com rajadas de metralhadora, sem que tenha sido promovida uma investigação independente ao caso e com o Governo, isolado, a dizer que se tratava de propaganda dos rebeldes.

Fora do campo de batalha a norte, a luta dos jornalistas continuou.

A redação de um dos principais jornais de investigação do país, o Canal de Moçambique, foi incendiada, num crime que se junta a uma longa lista de casos, nunca resolvidos pela justiça moçambicana, contra figuras públicas, jornalistas e comentadores.

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