De acordo com um comunicado, citado pelas agências internacionais, o Ministério Público bielorrusso acusa Svetlana Tikhanovskaya, exilada na Lituânia, e outros importantes membros do Conselho de Coordenação de "formarem uma organização extremista", numa referência ao órgão criado pela oposição bielorrussa após as eleições presidenciais de agosto último.

Os opositores são igualmente acusados de "uma conspiração para uma mudança inconstitucional do poder" no país.

A par de Svetlana Tikhanovskaya, figuram na lista do Ministério Público os nomes de Pavel Latushko, Maria Kolesnikova, Olga Kovalkova e Maxim Znak, entre outros.

Desde as contestadas eleições presidenciais de 09 de agosto, que atribuíram a Lukashenko, no poder há 26 anos, um sexto mandato e que a oposição bielorrussa considera como fraudulentas, centenas de milhares de bielorrussos têm saído às ruas (normalmente ao domingo) em protesto, manifestações essas que têm sido marcadas por uma forte e violenta repressão pelas forças de segurança.

Um cenário que se repetiu no último domingo, dia em que milhares de pessoas voltaram a manifestar-se nas ruas bielorrussas para exigir a saída de Lukashenko.

Mais de 30 pessoas foram detidas na capital, Minsk, e noutras cidades, segundo informou, no domingo, o centro de direitos humanos Viasna.

Na semana passada, Svetlana Tikhanovskaya deslocou-se a Bruxelas para receber o Prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento 2020, que foi entregue este ano pelo Parlamento Europeu ao Conselho de Coordenação, e para ter contactos com altos representantes europeus.

"O mundo inteiro tem conhecimento do que está a acontecer no vosso país. Nós vemos a vossa coragem. Nós vemos a coragem das mulheres. Vemos o vosso sofrimento. Vemos os abusos indescritíveis. Vemos a violência. A vossa vontade e determinação em viver num país democrático inspiram-nos", declarou durante a cerimónia, realizada este ano excecionalmente em Bruxelas, o presidente do Parlamento Europeu, David Sassoli.

Ao receber o prémio, Tsikhanouskaya afirmou: "Cada bielorrusso que participa no protesto pacífico contra a violência e a ilegalidade (...) é um herói. Cada um deles é um exemplo de coragem, compaixão e dignidade".

E reforçou: "Sem uma Bielorrússia livre, a Europa também não é completamente livre".

Esta semana, e de acordo com a agência EFE, a líder da oposição bielorrussa tem vários encontros agendados com as autoridades espanholas em Madrid, no âmbito de um périplo que está a fazer por vários países europeus.

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