Stoltenberg lamenta que membros da NATO tenham de sancionar aliados
O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, lamentou hoje que membros da Aliança Atlântica, como os Estados Unidos, tenham de sancionar outros aliados, como a Turquia, pela compra à Rússia de um sistema antimísseis.
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Mundo NATO
"Lamento que estejamos numa situação em que os aliados da NATO [Organização do Tratado do Atlântico Norte] tenham de impor sanções uns aos outros", declarou o político norueguês numa conferência de imprensa em Bruxelas.
Stoltenberg adiantou que ele próprio já tinha manifestado "preocupação pelas consequências" da decisão de Ancara de adquirir o sistema antimísseis A-400.
"É uma decisão nacional, mas o sistema S-400 não é compatível com os sistemas da NATO. Não se pode incluir no sistema integrado de defesa aérea e antimísseis da NATO", afirmou, instando, porém, a todos os aliados, tanto a Turquia como os restantes, a analisar "formas de se encontrar uma solução positiva".
Nesse sentido, explicou que, antecipadamente, participou em reuniões para analisar a possibilidade de a Turquia adquirir sistemas compatíveis com a Aliança Atlântica, como os Patriot.
"[Os mísseis Patriot] podem fortalecer a defesa aérea da Turquia, mas também se pode fazer isso de modo a que seja compatível e possível integrar no sistema de defesa aérea e de antimísseis da NATO", afirmou o secretário-geral da organização.
"O que é importante agora é encontrar uma forma como poderemos encontrar uma solução positiva para esta situação difícil", acrescentou Stoltenberg.
Segunda-feira, o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, anunciou sanções à agência governamental turca responsável pela compra de material militar, por causa da aquisição do sistema de defesa aérea russo S-400.
A decisão ocorre num momento delicado das relações entre Washington e Ancara, com os Estados Unidos a condenarem a Turquia pela compra do sistema de defesa antimísseis S-400, bem como pelas ações turcas na Síria, o conflito entre a Arménia e o Azerbaijão e o conflito com a Grécia no Mediterrâneo Oriental.
No mesmo dia, a Turquia considerou "injustas" e a Rússia "ilegítimas" as sanções impostas pelos Estados Unidos, com Ancara a ameaçar com retaliações.
"Recusamos e condenamos a decisão anunciada hoje pelos Estados Unidos. [...] A Turquia tomará as medidas necessárias contra esta decisão que afeta, inevitavelmente, de forma negativa as nossas relações bilaterais e aplicará as disposições de represálias que considere adequadas ao momento", indicou o Governo turco.
As sanções impostas por Washington incluem restrições às exportações norte-americanas para a Turquia, bem como o congelamento de bens que possam encontrar-se sob jurisdição dos Estados Unidos pertencentes ao diretor do organismo público turco Indústrias de Defesa, Ismail Demir.
Também num comunicado, o Ministério da Defesa turco sublinhou que o próprio Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reconheceu em várias ocasiões o direito da Turquia a adquirir os S-400 e reitera que não existem provas de que o uso do sistema russo poderá debilitar a NATO, de que a Turquia é membro desde 1952.
Em Moscovo, o Governo russo acusou os Estados Unidos de impor sanções "ilegítimas" à Turquia.
"Trata-se mais uma vez de uma nova manifestação de uma atitude arrogante em relação ao direito internacional, uma manifestação de medicas coercivas unilaterais e ilegítimas que os Estados Unidos estão a impor há vários anos, há décadas, à esquerda e à direita", referiu o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, citado pela agência noticiosa Ria Novosti.
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