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Ancara e Moscovo condenam sanções dos Estados Unidos à Turquia

A Turquia considerou hoje "injustas" e a Rússia "ilegítimas" as sanções impostas pelos Estados Unidos à agência governamental turca encarregada da compra de armamento, depois de Ancara ter adquirido o sistema de defesa aéreo russo S-400. 

Ancara e Moscovo condenam sanções dos Estados Unidos à Turquia
Notícias ao Minuto

19:58 - 14/12/20 por Lusa

Mundo Diplomacia

"Convidamos os Estados Unidos a rever essa decisão injusta de sanções [...] e reafirmamos estar prontos para analisar a questão através da via do diálogo e da diplomacia, em conformidade com o espírito da aliança", declarou, numa nota, o Ministério dos Negócios Estrangeiros turco.

"Recusamos e condenamos a decisão anunciada hoje pelos Estados Unidos. [...] A Turquia tomará as medidas necessárias contra esta decisão que afeta, inevitavelmente, de forma negativa as nossas relações bilaterais e aplicará as disposições de represálias que considere adequadas ao momento", lê-se no documento.

As sanções impostas por Washington incluem restrições às exportações norte-americanas para a Turquia, bem como o congelamento de bens que possam encontrar-se sob jurisdição dos Estados Unidos pertencentes ao diretor do organismo público turco Indústrias de Defesa, Ismail Demir.

O Ministério da Defesa turco, por seu lado, sublinha que o próprio Presidente dos estados Unidos, Donald Trump, reconheceu em várias ocasiões o direito da Turquia a adquirir os S-400 e reitera que não existem provas de que o uso do sistema russo pudera debilitar a NATO, de que a Turquia é membro desde 1952.

Também num comunicado, o Ministério da Defesa turco adianta ter proposto várias vezes a criação de uma comissão na Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) para analisar o tema, considera "inaceitável" e "incompreensível" a imposição de sanções por parte de um aliado e pede a Washington para reconsiderar.

Em Moscovo, o Governo russo acusou os Estados Unidos de impor sanções "ilegítimas" à Turquia.

"Trata-se mais uma vez de uma nova manifestação de uma atitude arrogante em relação ao direito internacional, uma manifestação de medidas coercivas unilaterais e ilegítimas que os Estados Unidos estão a impor há vários anos, há décadas, à esquerda e à direita", referiu o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, citado pela agência noticiosa Ria Novosti.

As reações surgiram após o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, ter anunciado hoje sanções à agência governamental turca responsável pela compra de material militar, por causa da aquisição do sistema de defesa aérea russo S-400. 

"As medidas tomadas hoje sinalizam claramente que os Estados Unidos (...) não irão tolerar transações com os setores de defesa e inteligência russos", disse o chefe da diplomacia dos EUA, num comunicado.

A decisão ocorre num momento delicado das relações entre Washington e Ancara, com os Estados Unidos a condenarem a Turquia pela compra do sistema de defesa antimísseis S-400, bem como pelas ações turcas na Síria, o conflito entre a Arménia e o Azerbaijão e o conflito com a Grécia no Mediterrâneo Oriental.

Os Estados Unidos já tinham expulsado a Turquia do seu programa de desenvolvimento e treino de aviões de caça F-35, mas não tinham tomado medidas adicionais, apesar dos alertas persistentes de oficiais norte-americanos que há muito se queixam da compra do S-400, explicando que ele é incompatível com o equipamento da NATO e constitui uma ameaça potencial à segurança dos aliados.

"Os Estados Unidos deixaram claro para a Turquia, ao mais alto nível e em várias ocasiões, que a compra do sistema S-400 colocaria em risco a segurança da tecnologia e do pessoal militar dos EUA e forneceria meios para o setor de defesa da Rússia, bem como o acesso russo às forças armadas turcas", disse Mike Pompeo.

"A Turquia, no entanto, decidiu prosseguir com a aquisição e teste do S-400, apesar da disponibilidade de sistemas alternativos e interoperáveis da NATO", acrescentou o chefe da diplomacia dos EUA.

"Peço à Turquia para resolver o problema do S-400 imediatamente, em coordenação com os Estados Unidos", disse Pompeo no comunicado, lembrando que a "Turquia é um aliado valioso e um importante parceiro de segurança regional para os Estados Unidos".

As sanções têm como alvo a agência de compras militares do país, através do seu chefe, Ismail Demir, e de três outros altos funcionários. 

As sanções ditam que ficam bloqueados quaisquer ativos que os quatro funcionários possam ter sob jurisdição dos EUA e impedem a sua entrada nos EUA, para além de proibirem a maioria das licenças de exportação, empréstimos e créditos para a agência de compra de armas.

O Governo dos EUA adiou a imposição de sanções punitivas fora do programa de aviões de caça por alguns meses, em parte para dar às autoridades turcas tempo para reconsiderar a sua execução.

No entanto, nos últimos meses, a Turquia avançou com os testes do sistema, atraindo críticas do Congresso norte-americano que exige que as sanções sejam impostas de acordo com a Lei de Combate aos Adversários da América por meio de Sanções (CAATSA, na sigla em inglês), que impõe sanções para transações consideradas prejudiciais aos interesses dos EUA.

As sanções - que ocorrem apenas um mês e meio antes do Presidente eleito, Joe Biden, assumir o cargo - representam um dilema potencial para o futuro Governo democrata, que se tem mostrado contra a decisão turca de comprar equipamento militar russo, mas pretende restabelecer relações mais próximas com Ancara.

A Turquia alega que foi forçada a comprar o sistema russo porque os Estados Unidos se recusaram a vender mísseis Patriot de fabrico americano.

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