Borrell quer UE a investir na relação com América Latina
O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, defendeu hoje que a União Europeia deve dar mais atenção à sua relação com a América Latina, a "outra" relação transatlântica que muitas vezes não tem a atenção "merecida".
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"Agora na Europa fala-se muito da grande relação transatlântica com os Estados Unidos. Mas há outra relação transatlântica, que é a que temos de forjar com a América Latina. A Europa tem muito a ganhar em reforçar a cooperação com esta região. Normalmente, não falamos na Europa tanto desta região com ela merecia", declarou o Alto Representante da UE para a Política Externa, numa conferência de imprensa por ocasião de uma reunião ministerial informal UE-América Latina.
Josep Borrell sublinhou que, "juntos", os Estados da UE e da América Latina "compõem um terço dos membros das Nações Unidas", partilham "os mesmos princípios e valores, com base numa antiga ligação histórica", pelo que faz todo o sentido trabalharem em conjunto, em diversas sedes internacional, "para acelerar a transformação digital e construir uma associação verde sólida com América Latina, onde se encontra 50% da biodiversidade do mundo".
"Para a proteger e assegurar a transição energética, creio que podemos trabalhar juntos nas próximas grandes conferências", defendeu.
Borrell fez questão de lembrar, na área do digital, a importante iniciativa já em curso, a da ligação do continente sul-americano ao europeu através do cabo submarino de fibra ótica 'Ellalink', entre Fortaleza, no Brasil, e Sines, Portugal.
O Alto Representante também destacou naturalmente a importância dos acordos de associação e sublinhou a importância de serem ultrapassados os obstáculos que ainda persistem à assinatura e ratificação de "um novo grande acordo" entre UE e Mercosul.
"Subsistem problemas e legítimas preocupações no campo ambiental, em particular a nível da na desflorestação, mas temos de conseguir que este acordo seja ratificado e entre em vigor, em benefício comum das duas nossas grandes regiões", declarou.
Por seu turno, o chefe da diplomacia da Argentina, que assume precisamente na terça-feira a presidência do Mercado Comum do Sul, vulgo Mercosul (composto por Argentina, Uruguai, Brasil e Paraguai), defendeu que "a palavra-chave que deve presidir às relações é solidariedade", sobretudo no atual contexto da pandemia de covid-19.
"Partir de qualquer outra base para fazer face ao final da pandemia seria um equívoco", afirmou Felipe Sola, que participou na conferência de imprensa virtual desde Buenos Aires.
O governante argentino destacou também a importância da ligação por cabo ótico entre a América do Sul e a Europa, "pois a digitalização é hoje central para tornar as sociedades mais justas e esbater as diferenças sociais, que são já muito profundas na América Latina".
Relativamente ao acordo entre UE e Mercosul, garantiu ter "plena consciência de que os acordos comerciais podem e devem ser vinculados a medidas ambientais" e disse compreender "a necessidade na Europa de esta questão ser acautelada", e garantiu que vai conversar em profundidade desta questão com os seus homólogos sul-americanos.
"Esperamos no próximo ano podermos encontrar-nos presencialmente e materializarmos muita coisa", concluiu.
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