Meteorologia

  • 23 ABRIL 2024
Tempo
15º
MIN 13º MÁX 24º

Etiópia: Pelo menos quatro trabalhadores humanitários mortos no Tigray

Dois grupos internacionais de ajuda revelaram hoje que, pelo menos, quatro membros do pessoal foram mortos no conflito na região de Tigray, no norte da Etiópia.

Etiópia: Pelo menos quatro trabalhadores humanitários mortos no Tigray
Notícias ao Minuto

11:27 - 11/12/20 por Lusa

Mundo Etiópia

O Conselho Dinamarquês de Refugiados revelou que três membros do seu pessoal, que trabalhavam como guardas num local do projeto, foram mortos no mês passado.

"Devido à falta de comunicações e à insegurança na região, não foi infelizmente ainda possível contactar as famílias", disse fonte da organização não-governamental, citada pela agência Associated Press.

O International Rescue Committee (IRC) revelou igualmente que está ainda a tentar confirmar os acontecimentos "que levaram à morte de um colega" no campo de refugiados Hitsats, junto à cidade de Shire, ou Inda Selassie, no estado do Tigray.

A região de Tigray permanece em grande parte isolada do mundo exterior, física e virtualmente, e as organizações humanitárias têm vindo a alertar há semanas para a fome crescente, ataques a refugiados e falta de medicamentos e outros fornecimentos.

O Governo da Etiópia alega ter terminado a operação militar iniciada em 4 de novembro e afirma que insegurança que se mantém na região configura uma situação de "casos de polícia". Ainda assim, mantém o estado separatista totalmente isolado e com as comunicações e internet fortemente limitadas e assume sozinho a operação humanitária, rejeitando o que designa como "ingerência" em assuntos internos do país.

Esta semana, o executivo de Adis Abeba disse que as suas forças dispararam e detiveram por curto tempo funcionários das Nações Unidas, que conduziam uma primeira avaliação sobre as condições de segurança em Tigray, um passo crucial antes do início de qualquer operação de ajuda.

A Etiópia alegou que o pessoal da ONU tinha ultrapassado sem autorização dois postos de controlo numa tentativa de chegar onde não lhe era permitido, tendo sido detida a tiro quanto tentava ultrapassar um terceiro posto de controlo.

Adis Abeba indicou ter iniciado hoje a entrega de ajuda em áreas em Tigray sob o seu controlo, incluindo Shire e a capital do estado, Mekele, uma cidade com meio milhão de habitantes.

"Sugestões de que a assistência humanitária está a ser impedida devido ao combate militar em curso em várias cidades e áreas circundantes dentro da região de Tigray não são verdadeiras e fragilizam o trabalho crítico empreendido pelas Forças de Defesa Nacional para estabilizar a região dos ataques perpetrados pela clique beligerante", disse hoje fonte do gabinete de Abiy Ahmed, chefe do Governo etíope, prémio Nobel da Paz de 2019.

Tiros esporádicos, acrescentou a mesma fonte, "não precisam de ser mal interpretados como conflito ativo".

Os governos da Etiópia e do Tigray consideram-se reciprocamente como ilegítimos, e os combates em curso na região são o culminar de meses de fricção crescente desde que Abiy Ahmed tomou posse em 2018 e afastou do poder a até aí dominante Frente de Libertação Popular do Tigray.

Pensa-se que milhares de pessoas, incluindo civis, terão sido mortas nos combates, que ameaçam desestabilizar a região do Corno de África. Quase 50.000 etíopes ultrapassaram desde 4 de novembro as fronteiras para o Sudão, onde se encontram em campos de refugiados sem condições, numa região remota, com poucos recursos.

Recomendados para si

;
Campo obrigatório