Presidente do Egito em Paris com ONG mobilizadas sobre Direitos Humanos
O Presidente egípcio Abdel Fattah el-Sisi chegou hoje a Paris para uma visita de Estado de três dias destinada a reforçar a cooperação bilateral face às crises no Médio Oriente, e onde será questionado sobre a situação dos direitos humanos.
© Reuters
Mundo Egito
O marechal Sisi chegou ao aeroporto de Orly, perto de Paris, ao início da tarde e foi recebido esta noite pelo chefe da diplomacia francesa, Jean-Yves Le Drian, para um encontro seguido de jantar no Quai d'Orsay.
O encontro na manhã de segunda-feira com o Presidente Emmanuel Macron constituirá o momento forte da visita, cerca de dois anos após o seu encontro no Cairo, onde os dois chefes de Estado divergiram sobre a questão dos direitos humanos.
Em 27 de janeiro de 2019, o Presidente francês lamentou que a situação no país do norte de África não tenha evoluído "na boa direção", porque "bloggers, jornalistas e ativistas" permaneciam detido. Desde então, a situação não registou alterações significativas.
"Não esqueça que estamos numa região turbulenta", respondeu na ocasião Abdel Fattah el-Sisi, no poder desde 2014 após a destituição do ex-presidente Mohamed Morsi, detido e já falecido, num golpe de Estado militar.
Emmanuel Macron deverá de novo abordar esta questão, assegurou o Eliseu. Os defensores dos direitos humanos exigem por sua vez uma posição forte do Presidente francês.
Diversas organizações não governamentais (ONG) pedem que Paris "passe das palavras aos atos" e condicione o seu apoio militar ao Egito à libertação dos presos políticos, e quando a França se tem destacado como um dos principais países a garantir a venda de armamento sofisticado ao novo regime.
Numa antecipação deste encontro, as autoridades egípcias anunciaram na quinta-feira a libertação de três dirigentes da ONG Iniciativa egípcia para os direitos pessoais (EIPR), cujas detenções em novembro suscitaram numerosos protestos.
No entanto, e antes de chegada de El-Sisi a Paris, foi hoje anunciado que os fundos pessoais destes três responsáveis da EIPR foram congelados por um tribunal do Egito, após terem sido acusados de pertencerem a uma organização terrorista. A decisão foi divulgada nas redes sociais desta organização.
A visita de Estado inicia-se na segunda-feira com uma cerimónia de receção no Palácio dos Inválidos (Hôtel National des Invalides), seguida de um encontro com Macron no Eliseu e uma conferência de imprensa.
De seguida, El-Sisi encontra-se com o presidente da Assembleia Nacional (parlamento), Richard Ferrand, e com a presidente do município de Paris, Anne Hidalgo, antes de um jantar no Eliseu.
Na terça-feira, desloca-se ao Arco do Triunfo para a deposição de uma coroa de flores no túmulo do Soldado desconhecido, antes de um encontro com o primeiro-ministro, Jean Castex, o presidente do Senado, Gérard Larcher, entre outros.
Os dois chefes de Estado deverão ainda abordar o atual estado da cooperação nos grandes desafios da segurança regional, da luta contra o terrorismo à crise na Líbia, e ainda as rivalidades com a Turquia no Mediterrâneo oriental.
A França e o Egito pretendem consolidar os "sinais positivos" registados na Líbia, do acordo sobre um cessar-fogo ao estabelecimento de um diálogo político inter-líbio, como sublinhou Paris, que tem sido acusado de ter apoiado o marechal Khalifa Haftar, o homem forte do leste da Líbia, ao lado do Egito.
Sob o impulso do marechal Abdel Fattah el-Sisi, as autoridades detiveram milhares de membros e apoiantes da Irmandade Muçulmana, com a maioria a rejeitar envolvimento em ações violentas.
Desde 2013 que as manifestações estão proibidas no Egito, e a repressão também atingiu de forma implacável os militantes laicos e de esquerda, com pesadas condenações, incluindo a pena capital.
No início de novembro, o estado de emergência, em vigor desde 2017 no país, foi uma vez mais renovado por mais três meses.
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