Credores têm de trabalhar juntos para aliviar dívida, diz consultora
JA consultora NKC African Economics considerou que os credores privados e as instituições multilaterais têm de trabalhar em conjunto para complementar as iniciativas oficiais de alívio da dívida, que não chegam para compensar os efeitos da crise económica.
© Reuters
Economia NKC African Economics
"A Iniciativa para a Suspensão do Serviço da Dívida (DSSI) é um bom ponto de partida para dar alívio da dívida e construção de capacidade institucional que é requerida ao abrigo do acordo e será crítico para garantir a sustentabilidade da dívida a longo prazo", lê-se numa análise à dívida pública dos países africanos feita pelos analistas da NKC African Economics.
No relatório, enviado aos clientes e a que a Lusa teve acesso, estes analistas da filial africana da Oxford Economics alertaram, no entanto, que "a natureza da crise vai obrigar os agentes privados e as multilaterais a trabalharem em conjunto para criar soluções criativas".
Caso isso não aconteça, avisaram, "pode não haver dramáticos incumprimentos financeiros que fazem as manchetes dos jornais, mas haverá um efeito mais pernicioso, que é os parcos recursos serem direcionados para o serviço da dívida".
O alerta desta consultora africana surge na sequência da crise da dívida que os países africanos enfrentam, agravada pela descida do preço das matérias primas, o aumento da despesa causada pelas medidas de combate à propagação da pandemia de covid-19 e pelo abrandamento generalizado da atividade económica, mas cuja origem está antes da crise atual.
"As condições favoráveis do mercado externo, o desenvolvimento de mercados de capitais internos e a capacidade de aumentar o endividamento no seguimento da iniciativa de alívio da dívida na primeira década de 2000 levaram a um aumento considerável da dívida externa africana nas últimas duas décadas", lembraram os analistas, notando que, ao contrário de há 20 anos, a dívida atual é diferente.
"A estrutura da dívida também mudou neste período, com muitos países a entrarem nos mercados internacionais pela primeira vez, o que aumentou o custo da dívida e complica a coordenação quando se trata de definir medidas de alívio da dívida", salientaram os analistas.
A situação, concluíram, "já tinha sinais de alerta nalguns países antes da crise, mas a pandemia de covid-19 tornou a situação insustentável".
A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.519.213 mortos resultantes de mais de 65,8 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em África, há 53.252 mortos confirmados em mais de 2,2 milhões de infetados em 55 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia no continente.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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