Giscard d'Estaing: Angela Merkel diz que "perdeu um amigo"
A chanceler alemã reagiu hoje à morte do antigo Presidente francês Giscard d'Estaing, afirmando que a Alemanha "perde um amigo" e a Europa perde "um grande estadista", e garantindo que agradece as discussões que partilharam.
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Mundo Giscard d'Estaing
"Com [a morte de] Valéry Giscard d'Estaing, a França perdeu um estadista, a Alemanha um amigo e todos nós perdemos um grande europeu", lamentou Angela Merkel, que se disse "para sempre agradecida" pelas conversas que tiveram.
Também o ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, Heiko Maas, saudou a memória do ex-chefe de Estado de França, que morreu na quarta-feira, aos 94 anos, referindo ter sido um homem que teve "influência decisiva" na amizade franco-alemã.
"Choramos Valéry Giscard d'Estaing. Prestou enormes serviços à amizade franco-alemã, para a qual teve uma influência decisiva, também graças à sua amizade especial com Helmut Schmidt", chanceler alemão entre 1974 e 1982, com quem estabeleceu laços estreitos, disse Maas numa mensagem publicada no Twitter.
A imprensa alemã, nomeadamente a revista Spiegel, refere-se hoje a d'Estaing como "um europeu convicto" que formou, na década de 1970, uma "dupla franco-alemã exemplar", em conjunto com o chanceler alemão da época, o social-democrata Helmut Schmidt.
A revista lembra que o ex-Presidente francês, que falava alemão, tinha uma estreita ligação pessoal com a Alemanha, onde nasceu, em 02 de fevereiro de 1926 em Koblenz, na Renânia, então ocupada pelos franceses.
"Quase nenhum outro Presidente francês do século XX" teve uma relação tão estreita e complexa com a Alemanha como Valéry Giscard d'Estaing", lembra, por seu lado, o jornal die Welt, acrescentando que, em conjunto com Helmut Schmidt, "fundaram o Conselho Europeu e inventaram as cimeiras económicas" do G5, que mais tarde se transformou no G7.
Para o die Welt, "a criação do Conselho Europeu foi provavelmente o seu maior sucesso", mas refere também o fracasso do 'sim' no referendo de 2005 sobre a Constituição Europeia, que d'Estaing ajudou a desenvolver, considerando-a a sua "segunda derrota mais amarga", a seguir à derrota nas eleições presidenciais de 1981.
O diário Bild, o mais lido na Alemanha, especifica que com "os seus modos refinados e a sua inclinação para a caça [d'Estaing] parecia, às vezes, muito distante dos seus concidadãos".
O jornal lembra ainda que, em maio passado, "VGE" foi alvo de uma acusação de assédio sexual de uma jornalista alemã, que o acusou de ter tocado nas suas nádegas várias vezes após uma entrevista, acusações refutadas pelo ex-Presidente, mas que levaram a procuradoria de Paris a abrir uma investigação.
Valéry Giscard d'Estaing foi o terceiro Presidente da V República francesa e ocupou o Eliseu entre 1974 e 1981.
Algumas das principais marcas do seu mandato foram o acesso ao voto a partir dos 18 anos, o direito à interrupção voluntária da gravidez e a possibilidade de divórcio por mútuo acordo. Apesar de se ter recandidatado, foi derrotado em 1981 por François Mitterrand.
Giscard d'Estaing foi também ministro das Finanças quando Georges Pompidou era primeiro-ministro, entre 1962 e 1966. Voltou ao Governo com as mesmas funções quando Pompidou já era Presidente, entre 1969 e 1974.
Após a sua passagem pelo Eliseu, foi deputado europeu e dedicou-se à escrita, tornando-se membro da Academia Francesa.
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