Comunicações parcialmente restabelecidas em Tigray mas ONU reclama acesso

As comunicações foram hoje parcialmente restabelecidas em Tigray, após quatro semanas de conflito armado, mas a ONU apela agora ao "acesso urgente" a esta região do norte da Etiópia que está "desesperadamente necessitada" de ajuda humanitária.

Detidos 17 oficiais por "traição" a favor dos separatistas de Tigray

© EDUARDO SOTERAS/AFP via Getty Images

Lusa
01/12/2020 20:59 ‧ 01/12/2020 por Lusa

Mundo

Etiópia

 

Tigray esteve privado de abastecimentos desde 04 de novembro, quando o primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, enviou o exército federal para atacar as forças da Frente Popular de Libertação do Tigray (TPLF), o partido que governou a região e desafiou a sua autoridade.

Abiy Ahmed reivindicou a vitória no sábado, depois de as tropas governamentais terem anunciado a tomada da capital regional, Mekele.

O presidente de Tigray, Debretsion Gebremichael, que prometeu continuar a luta contra "os invasores", disse que os confrontos continuavam hoje "perto de Mekele" e perto da cidade de Wukro, 50 quilómetros a norte.

Antes do conflito, cerca de 600.000 pessoas dependiam totalmente da ajuda alimentar e mais de um milhão de pessoas beneficiavam de uma "rede de segurança" alimentar, de acordo com o Gabinete de Coordenação Humanitária das Nações Unidas (Ocha).

Quatro semanas de luta forçaram cerca de 45.500 pessoas a fugir para o vizinho Sudão e deslocaram um número desconhecido de homens, mulheres e crianças dentro de Tigray.

"Estas populações deslocadas necessitam desesperadamente de assistência humanitária" e "o acesso às áreas afetadas é essencial para compreender quantas pessoas foram forçadas a fugir e onde se encontram", disse hoje a Organização Internacional para as Migrações (OIM) da ONU.

Para o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), "a preocupação cresce a cada hora" em relação aos quatro campos que durante anos abrigaram cerca de 96.000 refugiados eritreus em Tigray.

"Os campos devem agora ter falta de alimentos, o que torna a ameaça da fome e da desnutrição mais real", disse em Genebra o porta-voz do ACNUR, Babar Baloch, recordando que a organização tinha vindo a alertar para este perigo desde o início do conflito em Tigray.

O ACNUR "apela ao Governo etíope para (...) permitir o acesso dos trabalhadores humanitários aos que se encontram agora desesperadamente necessitados", acrescentou.

A rede de telemóveis e internet, que tinha sido cortada desde 04 de novembro, foi restabelecida em várias localidades de Tigray ocidental sob o controlo do exército federal durante quase três semanas.

"Isto resolve muitos problemas, mas o problema permanece em muitas áreas (...) e ainda não temos eletricidade", disse à agência AFP Tewodros Gebreselassie, um residente em Humera, no noroeste de Tigray, na fronteira do Sudão e da Eritreia.

Um porta-voz da Ethio Telecom, o único operador na Etiópia, disse que não podia dar qualquer informação sobre os seus serviços em Tigray.

O Governo etíope também anunciou hoje a rendição de um alto funcionário da TPLF, Keria Ibrahim.

A presidente da Câmara Alta do Parlamento Federal tinha-se demitido após os parlamentares terem votado a favor do adiamento de todas as eleições na Etiópia devido ao surto do novo coronavírus.

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