UE qualifica de "ato criminoso" assassinato de cientista nuclear iraniano
A União Europeia (UE) qualificou hoje como um "ato criminoso" o assassinato do cientista nuclear iraniano Mohsen Fajrizadeh num ataque que ocorreu na sexta-feira, pedindo a "todas as partes" que mantenham a calma e evitem a escalada de violência.
© Reuters
Mundo Mohsen Fajrizadeh
"A 27 de novembro de 2020 em Absard, Irão, um funcionário do governo iraniano e vários civis foram mortos numa série de ataques violentos. Este é um ato criminoso e vai contra o princípio de respeito pelos direitos humanos defendido pela União Europeia", declarou numa nota o porta-voz do alto representante da União para as Relações Exteriores, Josep Borrell.
O representante adiantou ainda que "nestes tempos de incerteza, é mais importante do que nunca que todas as partes permaneçam calmas e exerçam o máximo de contenção para evitar uma escalada que não pode interessar a ninguém".
Na declaração, Josep Borrell transmitiu, igualmente, as condolências aos familiares do falecido e o desejo de que os feridos se recuperem rapidamente.
Fajrizadeh foi morto na sexta-feira num ataque na área de Absard, na província de Teerão, por um número desconhecido de homens armados, que abriram fogo contra o veículo do cientista e fizeram pelo menos uma explosão.
Considerado pelos serviços de inteligência ocidentais como o líder do antigo programa secreto do Irão para desenvolver armas nucleares, o cientista ocupava atualmente o cargo de chefe da Organização de Pesquisa e Inovação de Defesa do Ministério da Defesa.
As autoridades iranianas culparam Israel pelo ataque, que comparam aos assassinatos de outros cientistas nucleares iranianos registados entre 2010 e 2012 no país, e dos quais Teerão então acusou Mosad, uma agência de inteligência.
Entretanto, Israel já colocou hoje em alerta as suas embaixadas por temer represálias do Irão.
O Presidente iraniano, Hasan Rohaní, advertiu hoje que o seu país responderá "na hora certa e da maneira certa", enquanto acusa Israel de querer "criar o caos".
Por sua vez, o líder supremo iraniano, Ali Khameneí, ordenou às autoridades do país que punissem os autores materiais e intelectuais do assassinato.
Até ao momento, as autoridades iranianas não relataram nenhuma prisão relacionada ao ataque ou divulgaram se os perpetradores foram mortos no ataque.
O Departamento de Estado dos Estados Unidos indicou, em 2008, que o cientista estava a realizar "atividades e transações que contribuíam para o desenvolvimento do programa nuclear do Irão.
Fakhrizadeh tinha sido descrito pelo primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, como o pai do programa de armas nucleares do Irão.
Fakhrizadeh liderou o chamado programa "Amad", ou "Esperança", do Irão.
Israel e o Ocidente alegaram que essa operação militar tinha como objetivo saber a viabilidade de construção de armas nucleares no Irão, mas Teerão alegou sempre que o seu programa nuclear é pacífico.
A Agência Internacional de Energia Atómica referiu que o programa "Amad" terminou no início dos anos 2000 e os seus inspetores monitorizam agora as instalações iranianas como parte do acordo nuclear do Irão com os cinco países com assento permanente no Conselho de Segurança da ONU -- Estados Unidos, Rússia, China, Reino Unido e França -- e a Alemanha.
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