Grupo muçulmano antecipa-se a decisão do Governo e autodissolve-se
O Coletivo contra a Islamofobia na França (CCIF) anunciou hoje publicamente a sua dissolução naquele território e a redistribuição das suas atividades em outros países, antecipando-se ao Governo francês que tinha ameaçado na semana passada dissolver a organização.
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Mundo França
A par deste anúncio, o grupo muçulmano rejeitou as acusações de alegadas ligações ao islamismo radical, denúncias essas que classificou como "falsas".
Na semana passada, o ministro do Interior francês, Gérald Darmanin, indicou que tinha notificado os responsáveis do CCIF sobre a provável dissolução deste coletivo de ajuda e de defesa de muçulmanos, o qual acusou, após o assassínio do professor francês Samuel Paty em outubro passado por um extremista, de ser "um laboratório islamita contra a República".
O CCIF afirmou hoje que acredita ter demonstrado que todas as acusações apontadas ao coletivo são sustentadas "em elementos infundados, tendenciosos ou falsos".
"Pior: somos criticados globalmente por fazer o nosso trabalho jurídico, de aplicar a lei e exigir a sua aplicação quando ela é questionada", frisou a organização, citada pela agência France Presse (AFP).
Após o anúncio de uma provável dissolução decretada pelo executivo francês, o CCIF considerou que essa medida ia enviar "uma mensagem terrível" aos cidadãos de fé muçulmana, ou seja, que estes cidadãos "não tinham o direito de defender os seus direitos".
Como tal, o Conselho de Administração do CCIF decidiu deliberar "a dissolução voluntária" do coletivo em França e a redistribuição de grande parte das suas atividades "no estrangeiro".
"Os bens da nossa associação foram transferidos para associações parceiras que vão assumir a luta contra a islamofobia à escala europeia", acrescentou o coletivo, precisando que a deliberação do Conselho de Administração está em vigor desde 29 de outubro.
Como consequência, frisou hoje o coletivo, "a notificação de dissolução recebida em 19 de novembro não era aplicável, uma vez que o CCIF já não existia como estrutura".
As informações divulgadas pela AFP não indicam para onde as atividades do CCIF serão redistribuídas.
Após a degolação do professor Samuel Paty por um jovem de 18 anos radicalizado por ter mostrado caricaturas de Maomé aos alunos numa aula sobre liberdade de expressão, o Governo francês avançou com uma estratégia contra o islamismo radical, tendo decretado a dissolução de algumas organizações, como foi o caso da organização não-governamental humanitária BarakaCity, acusada de "divulgar ideais que defendem o Islão radical", e do grupo Xeque Yassine, após o seu fundador Abdelhakim Sefrioui ter sido implicado na morte do docente francês.
O executivo francês ordenou igualmente o encerramento administrativo por seis meses da mesquita de Pantin, localizada perto de Paris, devido a ligações ao caso de Samuel Paty.
A postura das autoridades francesas desencadeou fortes críticas de vários governos de Estados muçulmanos, apelos ao boicote de produtos franceses e manifestações de milhares de pessoas em diversos países.
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