Novos cardeais cumprem 10 dias de quarentena antes do consistório
O hotel de Santa Marta, no Vaticano, construído para receber cardeais durante as eleições papais, recebeu agora, devido à pandemia, os novos cardeais para uma quarentena de 10 dias antes de serem ordenados em cerimónia marcada para sábado.
© Reuters
Mundo Vaticano
Os novos cardeais estão confinados nos seus quartos por ordem do Vaticano.
As quarentenas de 10 dias, com testes ao novo coronavirus realizados no início e no fim, são apenas um exemplo de como a cerimónia de sábado para elevar novos cardeais é diferente de tudo que a Santa Sé já viu.
O Papa Francisco celebra o consistório no sábado para a criação de 13 novos cardeais, mas devido à pandemia muitos fiéis não serão admitidos e alguns cardeais seguirão a cerimónia 'online'.
É a sétima vez que Francisco nomeia um novo grupo de cardeais desde sua eleição em 2013.
"Disseram-me que seria assim, mas não pensei que seria tão rigoroso!", admitiu o cardeal indicado Felipe Arizmendi Esquivel, arcebispo aposentado de Chiapas, no México.
A Casa de Santa Marta foi inaugurada em 2005 a cerca de mil metros de distância do Palácio Apostólico, e foi um presente feito ao Colégio Cardinalício pelo Papa João Paulo II, que participou de dois conclaves em 1978.
Durante uma ligação via Zoom com a Associated Press do seu quarto de hotel, Esquivel disse ter pensado que poderia haver algumas exceções ao bloqueio para novos cardeais, mas constatou o contrário: "Não! Aqui, não importa se é um cardeal ou um Papa. O vírus não respeita ninguém", afirmou.
"Não temos contacto com praticamente ninguém. É isolamento total, mas é necessário", considerou Esquivel, um dos quatro cardeais com mais de 80 anos ingressam no colégio como membros honorários, nomeado por Francisco em reconhecimento por uma vida inteira de serviço à Igreja.
Os outros nove têm menos de 80 anos e podem votar num conclave para escolher o sucessor de Francisco.
O primeiro papa latino-americano da história há muito que procura nomear cardeais das "periferias", para mostrar a natureza universal da Igreja e impulsionar pequenas comunidades, onde os católicos são minoria, com líderes de alto nível.
Segundo o Vaticano dois novos cardeais não viajarão a Roma para a cerimónia por causa da Covid-19: o embaixador do Vaticano em Brunei, o cardeal indicado Cornelius Sim e o arcebispo de Capiz, Filipinas, o cardeal designado Jose Advincula.
A estes o barrete vermelho de três pontas e o anel cardinalício serão entregues por um representante do Papa.
Para aqueles que participam na cerimónia, a crise de saúde pública apresenta um conjunto incomum de desafios. A Itália, onde a pandemia eclodiu no final de fevereiro, está atualmente a passar por uma segunda vaga e o próprio Vaticano modificou nas últimas semanas os seus procedimentos tendo os seus museus fechados.
Normalmente, os consistórios são realizados com festa e multidão: os cardeais vêm à cidade com a família, amigos e às vezes benfeitores e paroquianos que veem de perto os novos "príncipes da igreja" e depois participam em receções e jantares em sua homenagem.
Em circunstâncias normais, o consistório seria seguido por "visitas de cortesia", onde os novos cardeais cumprimentam os simpatizantes e o público em geral da grandeza nas salas de receção no Palácio Apostólico ou no auditório do Vaticano.
Este ano, não haverá visitas de cortesia e cada cardeal tem um limite de 10 pessoas para convidados.
A partir de sábado, haverá 128 cardeais com idade para votar, 42% da Europa.
Portugal está representado no colégio cardinalício por Manuel Clemente, cardeal-patriarca de Lisboa, António Marto, bispo de Leiria-Fátima, e José Tolentino Mendonça, arquivista e bibliotecário da Santa Sé, todos criados pelo Papa Francisco e eleitores num eventual conclave.
No colégio cardinalício está ainda Manuel Monteiro de Castro, penitenciário-mor emérito, e José Saraiva Martins, prefeito emérito da Congregação para as Causas dos Santos, ambos com mais de 80 anos.
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