Forças marroquinas assediam jornalistas sarauis
O Observatório para a Proteção dos Defensores dos Direitos Humanos denunciou na segunda-feira o "assédio" das forças marroquinas aos jornalistas sarauís Ahmed Brahim Ettanji e Nazha El Khalidi, impedindo inclusive o seu casamento no sábado passado.
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Mundo Jornalistas
A poucas horas de a cerimónia começar na cidade saraui de El Aaiún, pelo menos 200 agentes da polícia e forças especiais marroquinas rodearam os domicílios dos dois jornalistas e impediram o aceso dos convidados, disse Ettanji, que é presidente do coletivo de repórteres sarauis "Équipe Media", à Efe por telefone.
"Chegaram sem avisar, puseram um 'cordão' policial e começaram a bloquear as ruas adjacentes às nossas casas, além de nos ameaçarem com a detenção. Em nenhum momento nos comunicaram a razão. Permaneceram no local desde o dia 21 até à madrugada do dia 23 e agora temos um veículo da polícia com agentes a vigiarem-nos", acrescentou.
Para este jornalista, esta situação trata-se de uma "represália" pelo seu trabalho informativo que, tanto ele como os seus companheiros, estão a sofrer de forma constante desde há anos, mas cuja pressão tem aumentado nas últimas semanas, depois dos confrontos entre Marrocos e a Frente Polisário no ponto fronteiriço de Guerguerat, que une a Mauritânia com os territórios ocupados na antiga colónia de Espanha no Sara Ocidental.
"El Aiún converteu-se em um quartel e centenas de ativistas, tanto civis como ativistas, foram detidos e as suas casas alvo de buscas, depois da intervenção militar de Marrocos", denunciou Ettanji, galardoado este ano com o prémio internacional da Liberdade de Expressão da União dos Jornalistas Valencianos.
"Não vamos poder realizar agora o nosso casamento. Só conseguimos ver-nos de forma clandestina durante a madrugada", lamentou o jornalista, que assegurou ir denunciar a situação junto das instâncias internacionais.
Segundo o Observatório, as forças da ordem justificaram a sua intervenção como parte da campanha contra a propagação do novo coronavirus, "mesmo que na cerimónia ser respeitasse a distância de segurança recomendada".
O Observatório, criado em 1977 e coordenado pela Organização Mundial Contra a Tortura e a Federação Internacional dos Direitos Humanos, instou de maneira "urgente" a comunidade internacional a garantir a segurança e a integridade física dos dois jornalistas e o fim das represálias pelo exercício da profissão.
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