Líbia: Navio turco intercetado por fragata alemã no Mediterrâneo Oriental
Um navio turco, com destino a território líbio, foi intercetado domingo no Mediterrâneo Oriental pela marinha de guerra alemã no quadro do embargo à venda de armas à Líbia, o que Ancara considerou hoje "inaceitável".
© Reuters
Mundo Líbia
Segundo as autoridades turcas, o navio foi mandado parar a sudoeste do Peloponeso, uma extensa península montanhosa no sul da Grécia, quando transportava alimentos e material humanitário para Misrata (210 quilómetros a leste de Tripoli),
Os militares alemães, armados, chegaram ao navio da Turquia descendo através de uma corda lançada a partir de um helicóptero, segundo as imagens filmadas pelos soldados e divulgadas pelos órgãos de comunicação social turcos, antes de tomarem o controlo da sala de comando da embarcação.
"Todos os membros da tripulação, incluindo o capitão, foram revistados à força. Estavam todos reunidos numa sala para serem detidos", disse, num comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros turco.
O Ministério denunciou a intervenção "baseada em suspeitas difíceis de entender", sublinhando que os militares alemães não foram autorizados a revistar o navio sem o consentimento de Ancara.
Os soldados mantiveram-se a bordo do "MV Roseline A" toda a noite e só puseram termos às buscas depois das "insistentes objeções" de Ancara, acrescenta-se no comunicado do ministério turco, que refere ainda que os militares germânicos abandonaram o navio.
"As medidas ilegais tomadas contra os nossos navios de transporte com destino à Líbia são inaceitáveis", denuncia-se no documento.
Iniciado em abril deste ano, a "Operação Irini" visa fazer respeitar o embargo das Nações Unidas às armas enviadas para a Líbia para as fornecer aos beligerantes num país em guerra, apesar do cessar-fogo em vigor.
A Turquia considerou a missão naval alemã "tendenciosa" e acusa os europeus de procurarem, através desse mecanismo, impedir as entregas de armas por via marítima e destinadas ao governo de Trípoli, ignorando as fornecidas ao "homem forte" do leste da Líbia, Khalifa Haftar, pelos seus aliados por ar e por terra.
Segundo a União Europeia (UE), a "Operação Irini" tem permitido documentar as violações ao embargo cometidas pela Turquia e pela Rússia, dois dos países envolvidos no conflito.
Os 27 já sancionaram um armador turco em setembro, depois de o considerem culpado de violação ao embargo, tendo visto congelados os seus bens no espaço da UE.
A Líbia vive num caos desde a queda de Muammar Kadhafi, em 2011, e está atualmente dividida entre dois campos rivais: o Governo de Acordo Nacional (GAN), com sede em Trípoli e reconhecido pela ONU, e o leste, liderado pelo marechal Haftar.
O GAN é apoiado pela Turquia, enquanto Haftar é apoiado pelos Emirados Árabes Unidos, Rússia e Egito.
A 19 deste mês, as Nações Unidas lamentaram que, apesar de ter sido assinado em outubro um acordo de cessar-fogo no conflito na Líbia, os beligerantes continuam com as suas tropas posicionadas no terreno.
A denúncia foi feita no Conselho de Segurança da ONU pela representante especial interina das Nações Unidas para a Líbia, a diplomata norte-americana Stephanie Williams, que lembrou que o acordo, assinado a 23 de outubro, prevê a retirada de todas as tropas dos dois lados no prazo máximo de 90 dias.
Segundo o texto da trégua, no período de três meses subsequente à assinatura do acordo, têm de ser retiradas todas as unidades militares e grupos armados das linhas da frente, bem como devem partir todos os mercenários e combatente estrangeiros do conjunto do território líbio.
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