Meteorologia

  • 25 ABRIL 2024
Tempo
13º
MIN 13º MÁX 19º

Berlim insta Teerão a cumprir acordo nuclear. Espera nova postura dos EUA

A Alemanha denunciou hoje que o Irão tem violado sistematicamente o acordo nuclear internacional que assinou em 2015, instando Teerão a cumprir os termos do pacto, que poderá revigorar-se, espera Berlim, com a futura administração norte-americana.

Berlim insta Teerão a cumprir acordo nuclear. Espera nova postura dos EUA
Notícias ao Minuto

13:48 - 23/11/20 por Lusa

Mundo Berlim

Estas declarações foram feitas por uma porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Alemanha (país que assume atualmente a presidência semestral rotativa do Conselho da União Europeia) após uma reunião entre os chefes das diplomacias alemã, francesa e britânica, países ainda subscritores do pacto internacional firmado em 2015, a par da China e da Rússia, após a saída dos Estados Unidos da América (EUA).

Numa conferência de imprensa, Maria Adebahr denunciou o que classificou de "violações sistemáticas" por parte do Irão do acordo nuclear.

"Exigimos o fim dessas violações", prosseguiu a porta-voz alemã, pedindo a Teerão para "interromper a espiral negativa" em que se encontra o acordo e para dar "novas perspetivas" ao protocolo.

O acordo assinado em 2015 em Viena (Áustria) entre Teerão e os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia e China) e a Alemanha visava limitar e ter uma maior vigilância do programa nuclear iraniano em troca do levantamento das sanções internacionais.

O acordo foi posto em causa depois de os Estados Unidos (já com a administração do Presidente Donald Trump) terem decidido retirar-se dele unilateralmente, em maio de 2018, e restabelecer sanções económicas ao Irão, que os restantes signatários não conseguiram contrariar.

Em resposta, e perante uma economia iraniana asfixiada com as sanções norte-americanas, Teerão decidiu, a partir de maio de 2019, deixar gradualmente de respeitar alguns dos compromissos do acordo, que limitava grandemente a sua atividade nuclear.

Na semana passada, o Irão confirmou que começou a injetar gás numa cadeia de centrifugadoras avançadas na central de enriquecimento de urânio em Natanz, o que representa uma violação do acordo nuclear.

A Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) estimou este mês que o Irão terá reservas de urânio enriquecido na ordem dos 2.449 quilos, muito acima do limite máximo de 300 quilos inscrito no acordo nuclear internacional.

Nesta reunião entre os ministros dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, Reino Unido e França, Heiko Maas, Dominic Raab e Jean-Yves Le Drian, respetivamente, foi igualmente abordado o programa de mísseis balísticos de Teerão e o papel regional da República Islâmica.

O encontro, que não foi anunciado antecipadamente, serviu igualmente para analisar as perspetivas que se abrem no dossiê iraniano com a saída de Donald Trump da Casa Branca e com a entrada em funções de uma nova administração norte-americana liderada por Joe Biden, que irá tomar posse como novo Presidente dos Estados Unidos em 20 de janeiro.

Sobre este ponto em concreto, outra porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros alemão, Andrea Sasse, referiu que esta reunião teve como objetivo discutir "como poderia ser uma nova abordagem [do acordo] envolvendo todos os signatários, talvez igualmente com uma nova administração norte-americana".

"Estamos confiantes de que uma abordagem construtiva por parte dos Estados Unidos em relação ao acordo nuclear de Viena poderia contribuir significativamente para quebrar a atual espiral negativa (...) e abrir novas perspetivas para a preservação do acordo", referiu Andrea Sasse.

Questionada se os Estados europeus receiam que Donald Trump tome novas medidas contra o Irão antes de sair da Presidência norte-americana, a mesma porta-voz respondeu: "Se existirem tais medidas, iremos avaliá-las caso aconteçam".

Leia Também: Irão admite regressar automaticamente aos acordos sobre energia nuclear

Recomendados para si

;
Campo obrigatório