Após meses isolado, grupo enfrenta pandemia pela 1ª vez. "O apocalipse"
Equipa de resgate ambiental estava desde fevereiro na ilha Kure, no arquipélago do Havai. Após o regresso, todos relatam uma realidade desconhecida, que mais parece saída de um filme de ficção científica.
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Mundo Covid-19
A Covid-19 ainda estava a dar os 'primeiros passos' pelo mundo, quando, algures em fevereiro, dois voluntários e dois biólogos viajaram até um dos lugares mais remotos da Terra, a ilha Kure, no Havai, e permaneceram aí, isolados, cerca de oito meses, a restaurar o ecossistema deste atol (ilha oceânica em forma de anel, cuja estrutura constituída por corais esconde uma lagoa).
Conta a Associated Press (AP), que quando regressaram à 'realidade', depois de todo este tempo todo afastados dos amigos e família e isolados do resto do mundo, sem televisão e com ligação à internet fraca e ocasional, todos sentiram que estavam a assistir a um filme de ficção científica.
Tiveram de aprender a utilizar máscaras, a ficar em casa e a ver os amigos e família sem dar abraços ou apertos de mão, assim como inteirar-se de todas as medidas impostas pelos governos de todo o mundo, para parar a progação da Covid-19.
De regresso à 'civilização', um dos voluntários, Matthew Butscheck, admitiu que não foi nada fácil lidar com o que estava a acontecer no mundo. O jovem norte-americano de 26 anos recorda-se de olhar pelas janelas do alojamento, onde cumpriu quarentena, e ver crianças a brincar nas rochas e a subir a árvores de máscara, algo que considera inacreditável.
"Olhava pelas janelas e via as crianças a brincar de máscara, como nos filmes sobre o apocalipse. Isso não é normal para mim. Mas toda a gente dizia-me: ‘Agora vivemos assim’", contou à AP.
Além de Butscheck, também Naomi, de 43 anos, e o marido, Matthew Saunter, de 35, estiveram durante todo este tempo em Kure. Aliás, esta já é a 10ª. vez que a bióloga participa neste projeto havaiano, de caráter bianual, que pretende limpar a ilha de plantas invasoras, lixo, plástico e redes de pesca.
Contudo, este regresso à realidade foi diferente para a norte-americana. "Com tanta incerteza e tantas emoções a acontecer ao mesmo tempo… E, sabe, o nosso país está dividido por tantas coisas … Há um medo subjacente em relação ao que o futuro pode esconder e à forma como as pessoas podem responder”, explica Naomi, que receia pela saúde e segurança dos amigos e família.
Já o companheiro recordou à AP o momento em que se apercebeu da gravidade do surto de Covid-19. "Um dia recebi um e-mail da minha irmã e ela usou a palavra 'pandemia'", disse, acrescentando que, na altura, pensou que precisava pesquisar mais sobre a palavra, porque não sabia a diferença entre pandemia, surto e epidemia.
No entanto, o também biólogo, acha que já não é necessário fazê-lo. "É uma palavra que já faz parte do vocabulário de todos nós".
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