Este sábado, ao sexto dia de protestos contra o presidente do Parlamento, Manuel Merino, dois manifestantes morreram em Lima, no Peru, agravando a crise no país e intensificando as críticas ao novo governo. De acordo com o El País, a morte dos manifestantes provocou a saída de, pelo menos, 13 ministros dos 18 que compõem a nova administração. Entre os ministros que saíram estão os responsáveis pela pasta do Interior, Gastón Rodríguez, e da Justiça, Delia Muñoz, diz a mesma publicação.

Mais tarde o próprio presidente interino apresentado a sua demissão de forma "irrevogável", pedindo "paz e união", decisão que abre caminho a uma solução para a grave crise política que o país atravessa. Manuel Merino, que estava no cargo desde 10 de novembro, anunciou a sua demissão através de uma mensagem à nação divulgada em vídeo, poucos minutos depois de o parlamento o ter desafiado a renunciar ao cargo, noticia a agência EFE.

O Presidente interino sublinhou que agiu dentro da lei para tomar posse como chefe de Estado na terça-feira, apesar das acusações de que teria executado um golpe parlamentar.

Manuel Merino tras juramentar el cargo de presidente del Perú renuncia 5 días después tras violentas protestas de los diversos sectores políticos de la nacían sureña. pic.twitter.com/JVhDhmbbOS

— Roberto R. Rodríguez (@Rrodriguez0750) November 15, 2020

O anúncio da demissão de Manuel Merino foi recebido com entusiasmo nas ruas, onde milhares de peruanos estão hoje em protestos e a solicitar a sua saída.

No sábado, milhares de manifestantes, na sua maioria jovens com menos de 25 anos, saíram novamente às ruas em várias cidades do país para exigir a demissão de Merino e rejeitar o que consideram ser um golpe de estado parlamentar. Os jovens empunhavam cartazes dizendo "Merino, tu não és o meu presidente" ou "Merino impostor".

A violência policial nas manifestações de sábado fez dois mortos, um jovem de 25 anos com ferimentos de arma de fogo na cabeça e um de 24 anos, alvejado quatro vezes.

Recorde-se que o parlamento do Peru destituiu na segunda-feira o Presidente da República, Martín Vizcarra, por "incapacidade moral", no seguimento da segunda moção de censura apresentada noutros tantos meses contra o líder daquele país sul-americano.

A moção para destituir o chefe de Estado, popular pela sua intransigência contra a corrupção, teve como motivo alegados subornos recebidos por Vizcarra em 2014, como governador.

O presidente do Parlamento, Manuel Merino, assumiu um dia depois o comando do Governo do Peru até ao final do mandato de Vizcarra, em 28 de julho de 2021. Mas o novo chefe de Estado, um engenheiro agrícola de centro-direita, de 59 anos, enfrentava uma enorme contestação no país.

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