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Exército entra no sul do Saara para acabar com bloqueio à circulação

O exército marroquino entrou na área desmilitarizada no sul do Saara para acabar com o bloqueio ao tráfego imposto há três semanas por manifestantes saarauís da Frente Polisário, disseram hoje fontes diplomáticas marroquinas à agência de notícias EFE.

Exército entra no sul do Saara para acabar com bloqueio à circulação
Notícias ao Minuto

09:24 - 13/11/20 por Lusa

Mundo Saara

Um corredor formado por militares das Forças Armadas Reais (FAR) marroquinas permitirá a passagem de camiões e todo o tipo de veículos nos cinco quilómetros de faixa que separa a alfândega marroquina da fronteira com a Mauritânia.

No entanto, não vão proceder à retirada dos manifestantes porque "os civis não são o alvo" e é "uma operação pacífica", disseram as fontes.

Os militares, que não se sabe se estão armados ou não, vão criar uma barreira entre a estrada e os civis saarauís, mantendo-os a uma distância tal que não possam interferir no trânsito rodoviário como têm feito.

Até ao momento, nem a Frente Polisário nem as Nações Unidas (que tem uma missão de paz no território - MINURSO) pronunciaram-se a atitude dos marroquinos.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros de Marrocos divulgou um comunicado no qual indica que Marrocos "deu todo o tempo necessário" ao secretário-geral da ONU, António Guterres, e a MINURSO para solucionar o bloqueio, mas os seus esforços "foram em vão e Marrocos decidiu agir (…) em plena conformidade com o direito internacional".

A zona desmilitarizada onde está localizada Guerguerat é regida pelo chamado "Acordo Militar número 1", anexo ao acordo de cessar-fogo em vigor desde 1991 e assinado por Marrocos e o grupo Frente Polisário, que proíbe a entrada de militares, entre outras coisas.

No entanto, tanto Marrocos como a Frente Polisário são constantemente acusados de não cumprir o acordo com ações que violam o cessar-fogo.

A causa da independência do Saara Ocidental surgiu em 1968 com a fundação do Movimento Nacional de Libertação Saarauí, liderado por Mohamed Sidi Brahim Basiri, o primeiro que utilizou a luta armada contra o então colonialismo espanhol.

Em 1973, porém, o movimento foi refundado e foi criada a Frente Popular da Libertação de Saguia El Hamra e Rio de Oro, mais conhecida como Frente Polisário, que continuou, após Espanha abandonar o território, a lutar contra a ocupação marroquina, a norte, e mauritana, no sul.

A anexação do Saara Ocidental surgiu do então rei de Marrocos, Hassan II, que, ao defender a ideia de que nenhum saarauí queria ser marroquino, decidiu que a melhor forma de “marroquinizar” o Saara Ocidental era invadi-lo, mesmo que ilegalmente, o que começaria a 06 de novembro de 1975.

Nesse sentido, 350.000 cidadãos marroquinos, civis, começaram uma marcha, conhecida por “Marcha Verde”, que, acompanhados por 20.000 militares, entrando pelo território dentro, estando ainda por contabilizar quantas vítimas já morreram no conflito, cujas estimativas são totalmente díspares, com Rabat a minimizar e a Frente Polisário a falar em genocídio de saarauís.

A Espanha, por seu lado, nunca se envolveu na questão, decidindo simplesmente abandonar o território que, em 16 de outubro de 1975, viu o Tribunal Internacional de Justiça (TIC) de Haia negar as pretensões marroquinas e mauritanas, considerando que o Saara Ocidental, à época da colonização espanhola, era uma área “sem dono” (ou ‘Terra Nulius’), e sem quaisquer vínculos jurídicos.

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