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Forças de segurança cercam casa de líder da oposição da Costa do Marfim

A residência de Henri Konan Bédié, líder da oposição na Costa do Marfim que não reconhece a reeleição do Presidente, Alassane Ouattara, foi hoje cercada pelas forças de segurança, segundo relatos locais.

Forças de segurança cercam casa de líder da oposição da Costa do Marfim
Notícias ao Minuto

19:17 - 03/11/20 por Lusa

Mundo Costa do Marfim

Cerca de 100 membros da polícia, que não entraram na residência do antigo chefe de Estado, atiraram gás lacrimogéneo para dispersar jornalistas e ativistas, impedindo a realização de uma conferência de imprensa planeada pela oposição, que pretende formar um "governo de transição".

Segundo relatou a agência France-Presse, os homens responsáveis pela segurança de Bédié dentro da sua residência empunharam armas 'Kalashnikov' em preparação para possíveis manobras de defesa.

Uma hora antes, o Governo tinha acusado a oposição de organizar uma "conspiração contra a autoridade do Estado" e disse que tinha iniciado uma ação judicial "para que os autores e cúmplices desses delitos possam ser levados a tribunal".

A oposição costa-marfinense considera inconstitucional o novo mandato presidencial de Ouattara, que já não reconhece como Presidente, e na segunda-feira anunciou a criação de um "Conselho Nacional de Transição" que terá a responsabilidade de formar um "governo de transição".

"Esta declaração, bem como a violência perpetrada na sequência do boicote ativo, constituem atos de ataque e conspiração contra a autoridade do Estado e a integridade do território nacional", disse o ministro da Justiça da Costa do Marfim, Sansan Kambilé, numa conferência de imprensa.

Sobre uma possível detenção dos líderes da oposição, Kambilé afirmou que "todas as opções estão em cima da mesa" e que o procurador de Abidjan "poderá considerar com calma todas as opções à sua disposição".

Ouattara, 78 anos, foi proclamado, na madrugada de hoje, como vencedor pela Comissão Eleitoral Independente da Costa do Marfim para um controverso terceiro mandato, conquistando 94,27% dos votos na primeira volta.

O processo eleitoral ficou marcado por confrontos violentos. De acordo com a agência noticiosa francesa, pelo menos 40 pessoas morreram nestes confrontos desde agosto, incluindo pelo menos nove desde a votação de sábado.

Na noite de segunda-feira foram registadas várias explosões junto das casas de quatro líderes da oposição, incluindo junto da habitação de Bédié.

Nas eleições de sábado, Alassane Ouattara recebeu 3.031.483 votos de um total de 3.215.909 votos expressos no escrutínio, e o candidato independente Kouadio Konan Bertin ficou em segundo lugar, com 1,99% (64.011 votos).

Outros dois candidatos tinham apelado ao boicote das eleições, mas mesmo assim receberam votos.

O ex-Presidente Henri Konan Bédié terminou em terceiro lugar, com 1,66% (53.330 votos), enquanto o antigo primeiro-ministro Pascal Affi N'Guessan ficou em quarto, com 0,99% (31.986 votos).

Eleito em 2010 e reeleito em 2015, Ouattara tinha anunciado em março que não se candidataria a um terceiro mandato, antes de mudar de ideias em agosto, após a morte do "delfim", designado como candidato presidencial, o então primeiro-ministro Amadou Gon Coulibaly.

A Constituição da Costa do Marfim prevê um máximo de dois mandatos presidenciais, mas o Conselho Constitucional considerou que, com a reforma adotada em 2016, a contagem de mandatos de Ouattara tinha sido recolocada a zero, dando cobertura a uma nova candidatura.

No domingo, no dia seguinte às eleições, a oposição tinha apelado a uma "transição civil" e à "mobilização geral dos costa-marfinenses para pôr fim à ditadura e à má gestão do Presidente cessante".

Os recentes atos de violência no país, levantam receios de uma repetição dos conflitos pós-eleitorais registados há 10 anos.

Estima-se que três mil pessoas tenham morrido devido à recusa do antigo Presidente Laurent Gbagbo de admitir a derrota face ao sucessor, Alassane Ouattara.

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