Presidência argelina confirma internamento de Abdelmedjid Tebboune
O Presidente da Argélia, Abdelmedjid Tebboune, sofre de Covid-19 e foi transferido na passada quinta-feira para um hospital da Alemanha, onde permanece internado, informaram hoje fontes oficiais.
© Reuters
Mundo Alemanha
A presidência divulgou hoje um comunicado onde refere que pretende terminar com os rumores que apontavam para uma doença neurológica e sublinhou que o Presidente, que completa 75 anos em 17 de novembro, está a registar melhoras.
"O pessoal médico assegura que o Presidente da República responde ao tratamento e o seu estado de saúde melhora constantemente e de forma gradual de acordo com as exigências do protocolo sanitário", precisou a mesmo fonte, sem acrescentar mais detalhes.
Tebboune foi transferido na quinta-feira para um hospital da Alemanha que não foi identificado, apenas cinco dias após a presidência ter informado de forma lacónica que se encontrava desde sábado em "isolamento voluntário" no Palácio devido a um caso positivo de Covid entre os seus colaboradores.
Apenas 24 horas antes da sua transferência para a Europa, o chefe de Estado tinha ingressado num hospital militar de Argel e num secretismo semelhante ao que foi utilizado para ocultar a doença do seu antecessor, Abdelaziz Bouteflika.
O ex-presidente, forçado a abandonar o poder em abril de 2019 na sequências dos amplos protestos populares do movimento "Hirak" e da pressão das Forças Armadas, sofreu em 2013 um acidente vascular-cerebral que o deixou prostrado numa cadeira de rodas e sem capacidade de falar, mas foi reeleito um ano depois sem comparecer na campanha.
O mistério e a inquietação sobre o estado de saúde de Tebboune esteve presente no domingo durante o referendo constitucional que o próprio propôs após a sua eleição em dezembro de 2019, e que foi aprovado com a menor taxa de participação de sempre da história destas consultas, desde a independência do país em 1962, com escassos 23,7%.
Este resultado, de acordo com observadores da política argelina, poderá implicar uma nova crise de legitimidade para o regime, e em primeiro lugar pelo facto de a nova Constituição não ter seduzido a população argelina.
Na sequência deste resultado, o futuro do Presidente Tebboune, o grande ausente do escrutínio e o principal promotor desta reforma constitucional, permanece uma incógnita.
No atual cenário, vai ser decisiva a reação do regime a esta rejeição em massa e sem precedentes nas urnas.
De acordo com Hasni Abidi, diretor do Centro de estudos e de pesquisa sobre o mundo árabe e mediterrânico (CERMAM) em Genebra, citado pela AFP, o poder tem duas alternativas.
A primeira seria congelar a promulgação do novo texto e iniciar um diálogo sério com as forças sociais do país (partidos políticos, sindicatos, associações independentes), hipótese que considera "muito pouco provável".
Em alternativa, tentará impor a sua agenda ao validar esta Constituição contra a vontade da esmagadora maioria dos argelinos, com o risco de aprofundar ainda mais o fosso entre a população e os seus dirigentes.
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