Governo italiano rejeita críticas da direita sobre agressor de Nice
A ministra do Interior italiana rejeitou hoje as críticas da oposição de direita, que pediu a sua demissão por o terrorista de Nice ter chegado à Europa entre os migrantes que desembarcam na ilha de Lampedusa.
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Mundo Ataque Nice
"Este é um ataque à Europa, não há qualquer responsabilidade da nossa parte", disse Luciana Lamorgese em declarações à televisão pública RAI.
A governante respondeu assim à exigência para que se demitisse e os portos italianos fossem fechados à imigração ilegal feita na quinta-feira pelo seu antecessor no cargo, Matteo Salvini, e por outros líderes da direita, como Giorgia Meloni, dos Irmãos de Itália.
"Este é o momento de acabar com a polémica e de estar perto do povo francês e de outros países europeus", indicou a ministra.
Três pessoas morreram na quinta-feira esfaqueadas dentro de uma igreja em Nice (sudeste de França) por um tunisino, que chegou à ilha italiana de Lampedusa a 20 de setembro, entre vários outros migrantes, segundo a agência de notícias Adnkronos.
Nesse dia terão chegado a Lampedusa cerca de duas dezenas de embarcações com migrantes, de acordo com a agência italiana, que identifica o atacante de Nice como Brahim Aoussaoui, de 21 anos.
A agência indicou ainda que o homem foi transferido a 8 de outubro para um centro de acolhimento em Bari (sul de Itália) e que após uma investigação por possível cumplicidade e incitamento à imigração ilegal foi notificado com uma ordem de expulsão do território italiano.
"A imagem de Itália está hoje nas televisões de todo o mundo (...) porque o terrorista (...) chegou numa barcaça a Itália. E o que fez o governo? Deteve-o? Identificou-o? Não", disse Salvini, que bloqueou navios de organizações não-governamentais com migrantes a bordo quando foi ministro do Interior entre 2018 e 2019.
Luciana Lamorgese assinalou hoje que "o tunisino que assassinou três pessoas em Nice não tinha sido denunciado pelas autoridades tunisinas, nem pelos serviços de informação".
O ataque em Nice ocorreu quase duas semanas depois do assassínio de um professor na região de Paris, Samuel Paty, decapitado por um extremista islâmico russo-checheno após ter mostrado caricaturas do profeta Maomé numa aula sobre liberdade de expressão.
Nos últimos dias têm-se multiplicado reações do mundo muçulmano contra a França e o seu Presidente, depois de Emmanuel Macron ter declarado que continuaria a defender a liberdade de expressão e a publicação de caricaturas, incluindo do profeta Maomé, durante uma homenagem nacional ao professor.
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