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Ataque Nice: "Estou enojado com as tentativas de deturpar o que escrevi"

O antigo primeiro-ministro malaio Mahathir Mohamad negou hoje considerar que os muçulmanos têm o direito de matar milhões de franceses, garantindo que as suas declarações foram retiradas de contexto e que está enojado com a situação. Estou enojado com as tentativas de tirar do contexto o que escrevi

Ataque Nice: "Estou enojado com as tentativas de deturpar o que escrevi"
Notícias ao Minuto

12:32 - 30/10/20 por Lusa

Mundo Mahathir Mohamad

Mahathir, de 95 anos, provocou indignação generalizada quando escreveu, na quinta-feira no seu blogue, que "os muçulmanos têm o direito de ficar com raiva e matar milhões de franceses pelos massacres do passado".

A declaração levou a rede social Twitter a remover a mensagem de Mahathir, explicando que o comentário glorificava a violência, enquanto o ministro francês que tutela a pasta da área digital exigiu que a empresa banisse Mahathir da sua plataforma.

"Estou realmente enojado com as tentativas de deturpar e tirar do contexto o que escrevi no meu blogue", disse hoje Mahathir, em comunicado.

Segundo adiantou, os críticos não leram a declaração que divulgou na íntegra, especialmente a frase que dizia: "Em geral, os muçulmanos não aplicam a lei do 'olho por olho'. Os muçulmanos não aplicam. Os franceses não deveriam aplicar. Em vez disso, os franceses deveriam ensinar o seu povo a respeitar os sentimentos dos outros".

Mahathir alegou que o Twitter e o Facebook retiraram a declaração, apesar da explicação, considerando a ação hipócrita.

As plataformas "defenderam aqueles que optaram por exibir caricaturas ofensivas do profeta Maomé... e esperam que todos os muçulmanos engulam isso em nome da liberdade de expressão", disse.

"Por outro lado, apagaram deliberadamente [a frase que dizia] que os muçulmanos nunca procuraram vingança pelas injustiças que sofreram no passado", acrescentou, considerando que "o que é promovido por essa reação [das redes sociais] ao artigo é aumentar o ódio francês pelos muçulmanos".

Os comentários de Mahathir, que ocupou por duas vezes o cargo de primeiro-ministro da Malásia, visaram responder aos apelos de países muçulmanos para boicotar produtos franceses, depois de o Presidente francês, Emmanuel Mácron, ter descrito o Islão como uma religião "em crise".

Mácron prometeu ainda reprimir o radicalismo, na sequência do assassínio de um professor francês que mostrou caricaturas de Maomé numa aula sobre liberdade de expressão.

Declarações que repetiu depois de um tunisiano ter matado, na quinta-feira, três pessoas numa igreja em Nice, França.

A embaixadora dos Estados Unidos na Malásia, Kamala Shirin Lakhdir, criticou hoje as declarações de Mahathir, sublinhando "discordar veementemente".

"A liberdade de expressão é um direito, mas apelar à violência não", afirmou num breve comunicado.

Já o alto comissário australiano na Malásia, Andrew Goledzinowski, admitiu considerar Mahathir não estava a defender o uso de violência real, mas lembrou que "no clima atual, as palavras podem ter consequências".

O segundo mandato de Mahathir como primeiro-ministro durou de 2018 até à sua renúncia, em fevereiro de 2020.

Mahathir é visto como um defensor das visões islâmicas moderadas e um porta-voz dos interesses dos países em desenvolvimento, mas já criticou incisivamente a sociedade ocidental e a relação com o mundo muçulmano.

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