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Nigéria.Militares foram destacados para praça onde morreram manifestantes

O Exército da Nigéria admitiu que destacou soldados para a praça Lekki Toll, em Lagos, onde, na semana passada, foram disparadas balas sobre manifestantes pacíficos, provocando várias mortes, o que provocou indignação global.

Nigéria.Militares foram destacados para praça onde morreram manifestantes
Notícias ao Minuto

22:50 - 28/10/20 por Lusa

Mundo Nigéria

Pelo menos 10 manifestantes foram mortos na Praça Lekki em 20 de outubro, segundo a organização Amnistia Internacional, que acusou hoje as tropas do Exército de terem aberto fogo sobre os manifestantes sem motivo.

O Exército tinha anteriormente mantido que as suas tropas não estavam no local do tiroteio, mas na terça-feira à noite um porta-voz militar, major Osoba Olaniyi, inverteu essa posição, dizendo que tinham sido destacados soldados para impor um recolher obrigatório, negando, no entanto, que tivessem disparado contra os manifestantes.

"Em nenhum momento os soldados do Exército nigeriano abriram fogo sobre qualquer civil", disse Olaniyi, num comunicado.

A admissão pelos militares da sua presença na praça surgiu depois de o governador do estado de Lagos, Babajide Sanwo-Olu, ter dito que as imagens das câmaras de segurança mostravam soldados nigerianos a disparar contra os manifestantes pacíficos na praça Lekki.

Olaniyi disse que os soldados foram destacados sob ordens do governo do estado de Lagos, mas o governador disse que o estado não tem autoridade sobre o Exército nacional.

Muitos nigerianos questionam porque é que os soldados foram destacados para o protesto pacífico, que reuniu milhares de pessoas na praça Lekki.

A Amnistia Internacional emitiu hoje um relatório em que se refere a filmagens de câmaras de segurança, que diz mostrarem veículos do Exército saindo do quartel do Bonny Camp e chegando à praça Lekki pouco antes de terem sido disparados tiros.

"O que aconteceu no Portão de Portagem de Lekki tem todas as características do que é o padrão de encobrimento das autoridades nigerianas sempre que as suas forças de defesa e segurança cometem mortes ilegais", disse Osai Ojigho, diretor nacional da organização na Nigéria.

"As autoridades nigerianas ainda têm muitas questões a responder: Quem ordenou o uso de força letal sobre os manifestantes pacíficos? Porque é que as câmaras CCTV foram desmanteladas antecipadamente? E quem ordenou que a eletricidade fosse desligada minutos antes de os militares abrirem fogo sobre os manifestantes?", questionou Ojibho.

Segundo o dirigente da Amnistia Internacional, "muitas pessoas continuam desaparecidas desde o dia dos incidentes, e provas credíveis mostram que os militares impediram as ambulâncias de chegar aos feridos graves, no rescaldo".

Um painel judicial começou a investigar o tiroteio e alegações de abusos da unidade policial, a Brigada Especial Anti-Roubo, conhecida como SARS.

Uma vasta campanha #EndSARS irrompeu na Nigéria no início de outubro, após ter sido divulgado um vídeo que mostrava um homem a ser espancado, aparentemente por agentes da SARS.

Os protestos pacíficos e organizados causaram problemas no tráfego em Lagos e em muitas outras cidades nigerianas.

O Governo do Presidente Muhammadu Buhari concordou em dissolver a unidade da SARS, mas os protestos continuaram com os participantes exigindo reformas radicais da polícia e ações contra a corrupção.

Embora os protestos tenham sido na sua grande maioria pacíficos, pelo menos 56 pessoas morreram em todo o país desde o seu início, segundo a Amnistia Internacional, que acusou as forças de segurança de usarem uma violência desnecessária.

Em 20 de outubro, o governo impôs um recolher obrigatório, ordenando que todos ficassem em casa e, nessa noite, os tiroteios ocorreram na praça Lekki. Durante dois dias seguintes, Lagos assistiu a tumultos generalizados.

A fim de restabelecer a ordem em Lagos, a maior cidade da Nigéria com mais de 14 milhões de habitantes, as autoridades impuseram um recolher obrigatório das 20:00 às 06:00.

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