O resultado do 10.º Diálogo Económico e Financeiro entre os dois países não é um acordo comercial, mas a parceria surge num momento em que Londres procura aliados económicos no mundo quando acabar o período de transição pós-Brexit no final de dezembro.

O Ministério das Finanças garante em comunicado que este aprofundamento das relações deverá promover o emprego e o investimento nos dois países.

Mais de 800 empresas indianas estão presentes no Reino Unido, empregando mais de 110.000 pessoas, sendo a Índia o segundo maior investidor no Reino Unido, com 120 novos projetos iniciados em 2019-20.

O comércio bilateral do Reino Unido com a Índia representou cerca de 24 mil milhões de libras (27 mil milhões de euros) em 2019.

"O relacionamento económico e financeiro do Reino Unido com a Índia é mais importante do que nunca, dados os desafios globais que enfrentamos", em particular a recuperação económica da pandemia, afirmou o ministro, Rishi Sunak, que tem ascendência indiana.

Sunak reuniu-se com o seu homólogo, Nirmala Sitharaman, por videoconferência. 

O Reino Unido quer promover oportunidades para empresas britânicas com experiência e conhecimentos comerciais e financeiros em projetos de infraestruturas na Índia e os dois países querem cooperar mais para encontrar fundos privados capazes de investir na economia verde.

Na sequência da saída da União Europeia, o Governo britânico está a procurar desenvolver parcerias internacionais que amorteçam os efeitos do 'Brexit' na economia, que também está a ser afetada crise causada pela pandemia covid-19.

Recentemente finalizou um acordo de comércio com o Japão e espera concluir outro com os Estados Unidos o mais rápido possível, mas as negociações estão dependentes das eleições presidenciais norte-americanas e da pandemia. 

Em paralelo, continua as negociações com Bruxelas para um acordo de comércio que mantenha o acesso sem taxas aduaneiras nem quotas ao mercado único europeu, destino de quase 50% das exportações britânicas.

Entretanto, a UE também está a trabalhar na aproximação à Índia, sendo a Cimeira União Europeia/Índia, marcada para 08 de maio, no Porto, uma das prioridades da presidência portuguesa do Conselho da União Europeia no primeiro semestre de 2021, embora a evolução da pandemia coloque incerteza sobre o modelo da sua realização. 

"O objetivo essencial dessa reunião é dar impulso político às relações entre as duas entidades e, em particular, [realizar] negociações para incrementar o relacionamento económico - quer comercial, quer de investimento - entre a Índia e a União Europeia", afirmou à Lusa o ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Augusto Santos Silva.