Ex-Presidente francês diz que NATO deve repensar presença da Turquia
O ex-Presidente francês François Hollande declarou hoje que a NATO deve repensar a presença da Turquia na Aliança Atlântica, após o "comportamento agressivo" do seu chefe de Estado, Recep Tayyip Erdogan, que "incentiva conflitos nas portas da Europa".
© Reuters
Mundo François Hollande
"Em algum momento será necessário questionar o que a França e a Turquia estão a fazer na mesma aliança", disse o ex-Presidente socialista francês, antecessor de Macron no cargo, à rádio pública francesa France Info.
Hollande atacou o comportamento de Erdogan não só por criticar o atual Presidente francês, Emmanuel Macron, mas pelo seu comportamento "inaceitável" na Síria, mas também no conflito entre Arménia e Azerbaijão, na Líbia e com a Grécia, no Mediterrâneo oriental.
Para Hollande, a crítica de Erdogan a Macron pode ser entendida como "uma provocação".
Os "comportamentos agressivos" de Erdogan, segundo Hollande, não são justificáveis e "representam um problema para a permanência da Turquia na Aliança Atlântica" e ainda "encorajam o ressurgimento de grupos terroristas".
"A sua presença (na NATO) deve ser discutida com os nossos aliados (...) porque a sua política agressiva incentiva o conflito armado nas portas da Europa", insistiu Hollande.
O ex-chefe de Estado francês acredita que o resto dos membros da NATO não precisam aceitar o "comportamento agressivo de um aliado" apenas porque os Estados Unidos querem que Ancara permaneça na Aliança.
As críticas do ex-Presidente francês surgem no contexto da crescente tensão entre a Turquia e a França nos últimos dias.
Macron tornou-se alvo de manifestações em vários países muçulmanos depois de prometer que a França continuaria a defender a liberdade de expressão, incluindo a publicação de caricaturas, durante uma homenagem nacional ao professor Samuel Paty, na quarta-feira passada.
Samuel Paty foi decapitado por um refugiado de origem russa e chechena de 18 anos nos arredores de Paris, em 16 de outubro, porque mostrou caricaturas de Maomé aos seus alunos numa aula sobre liberdade de expressão.
A Presidência francesa considerou, na sexta-feira, "inaceitáveis" as declarações do Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, que questionou "a saúde mental" do seu homólogo francês, Emmanuel Macron, devido à atitude deste em relação aos muçulmanos.
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