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Grécia pede indiretamente à Rússia um embargo de armas à Turquia

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Grécia, Nikos Dendias, pediu hoje indiretamente ao homólogo russo, Sergei Lavrov, um embargo de armas à Turquia.

Grécia pede indiretamente à Rússia um embargo de armas à Turquia
Notícias ao Minuto

15:32 - 26/10/20 por Lusa

Mundo Grécia

"Destaquei que a venda de armamento à Turquia desestabiliza todos os países da região", afirmou Dendias em conferência de imprensa conjunta com Lavrov, que hoje visitou Atenas pela primeira vez desde 2016.

Após uma reunião na qual os dois ministros debateram todas as crises na região, Dendias disse que "o denominador comum" de todas elas "é o papel desestabilizador da Turquia", que acusou de ter "uma visão expansionista neo-otomana".

"A Turquia tornou-se uma agência de viagens para 'jihadistas' em todas as crises na região", acrescentou Dendias, referindo-se à presença de militantes islamitas nos conflitos na Líbia e em Nagorno-Karabakh, um conflito entre a Arménia e o Azerbaijão nesse enclave, localizado no território do Azerbaijão, mas povoado por arménios.

A Grécia pediu nas últimas semanas à Comissão Europeia e, particularmente, a Espanha, Itália e Alemanha, que suspendam as exportações de armamento para a Turquia como exemplo da "melhor solidariedade europeia", quando a soberania de um Estado membro está em jogo.

Por sua vez, a Rússia vendeu o sistema de mísseis de defesa aérea S-400, o que provocou reações, tanto na Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) como nos Estados Unidos, que pedem insistentemente a Ancara para não os instalar.

Em retaliação, os EUA congelaram a venda de caças F-35 à Turquia.

Lavrov assegurou que a Rússia está disposta a atuar como mediadora no conflito nas águas do Mediterrâneo oriental, que aumentou a tensão entre a Turquia, Grécia e Chipre durante os últimos meses.

"O importante é que todas estas disputas devem ser resolvidas de acordo com o direito marítimo internacional, cujos critérios devem ser aplicados por todos os países que têm costas no Mediterrâneo", afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros russo.

Além disso, celebrou ainda o acordo de cessar-fogo na Líbia e expressou o desejo de que este "receba também o apoio da Turquia", algo que "não demorará muito" a acontecer.

Na conferência de imprensa, Lavrov não falou sobre o conflito em Nagorno-Karabakh, mas numa entrevista à agência de notícias grega AMNA, destacou que a Rússia considera arménios e azeris como seus irmãos e que não aceita "uma solução militar".

"Estamos a tentar convencer os turcos a exercerem a sua influência nessa direção", acrescentou.

Ambos os ministros destacaram que a visita de Lavrov a Atenas simboliza uma nova era nas relações bilaterais, agravada nos últimos anos pelo acordo entre a Grécia e a Macedónia do Norte, que abriu caminho para a admissão da ex-república jugoslava na NATO, à qual a Rússia se opôs fortemente.

Além das crises regionais, os dois ministros discutiram a melhoria das relações comerciais e culturais entre os dois países.

A União Europeia ameaçou Ancara com sanções se a Turquia não acabasse com as atividades de exploração energética nas águas reivindicadas por Chipre e pela Grécia.

A descoberta de grandes jazidas de gás natural nos últimos 10 anos junto às costas da ilha dividida de Chipre abriu novas perspetivas sobre o fornecimento de energia a partir desta região.

A Turquia, potência regional, foi excluída dos contratos de exploração dos recursos energéticos, reivindicados por oito países, da Líbia ao Egito e Israel.

Em Nagorno-Karabakh, de acordo com relatos de organizações internacionais, a recente escalada do histórico conflito já causou mais de 800 mortes, incluindo uma centena de civis.

O conflito no enclave remonta aos tempos da União Soviética, quando no final da década de 1980 o território azerbaijano de Nagorno-Karabakh, povoado principalmente por arménios, solicitou a sua incorporação na vizinha Arménia, deflagrando uma guerra que causou cerca de 25.000 mortes.

O Azerbaijão afirma que a solução para o conflito com a Arménia passa necessariamente pela libertação dos territórios ocupados, uma exigência que tem sido apoiada por várias resoluções do Conselho de Segurança da ONU.

Por seu lado, a Arménia apoia o direito à autodeterminação de Nagorno-Karabakh e defende a participação de representantes do território separatista nas negociações para a resolução do conflito.

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