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Governo da Venezuela vai distribuir lenha devido à falta de gás butano

O Governo venezuelano vai distribuir lenha a várias comunidades do sudoeste da Venezuela, para minimizar os efeitos da falta de gás butano, situação que tem motivado protestos em várias regiões daquele país produtor de petróleo.

Governo da Venezuela vai distribuir lenha devido à falta de gás butano
Notícias ao Minuto

06:28 - 24/10/20 por Lusa

Mundo Venezuela

O anúncio foi feito pelo major-general Ovídeo de Jesus Delgado Ramírez, chefe da Região de Defesa Integral de Los Andes (REDI-Andes, sudoeste do país), durante uma conferência de imprensa em que insistiu que "não se trata de regressar à pré-história", mas "de procurar uma solução".

"Nas barragens há muitas árvores que são arrastadas pelas águas dos rios quando chega a época das chuvas porque a corrente é um pouco mais forte. Começámos a derrubar todas as árvores e vamos fazer uma campanha (...) para distribuir lenha para o povo", disse.

Por outro lado, condenou o que diz ser uma mudança de mentalidade do venezuelano que agora compra alimentos a granel.

"Lembro-me que antes (no passado) saía de casa para fazer recados e comprava uma bolsinha de açúcar, de café e um quarto de quilograma de queijo (...). Mudaram a nossa mentalidade e se não compramos uma 'paca' [saco com vários quilogramas, por atacado] de farinha ou de arroz, as coisas estão mal", disse.

Segundo Ovídeo de Jesus Delgado Ramírez "criaram a ansiedade" nos venezuelanos e esse "é o resultado da gestão manipulada dos recursos", o que "é lamentável", defendendo que há que se adaptar.

A oposição venezuelana já reagiu ao anúncio do que diz ser a confirmação de que continuará a escassez de gás doméstico no país e acusou os militares venezuelanos de prepararem o caminho para o contrabando de lenha no país.

"Dizer que começaram a cortar lenha para suprir o gás doméstico é uma declaração miserável que evidencia a mediocridade dos supostos líderes das Forças Armadas, que o que fazem é montar negócios e esquemas", disse aos jornalistas o deputado da oposição Lawrense Castro, representante de Mérida, um dos estados afetados pela escassez de gás.

Na Venezuela é cada vez mais frequente as queixas e protestos da população por dificuldades no acesso a gás butano para cozinhar, uma situação que sendo mais grave no interior do país afeta também vários bairros de Caracas.

Segundo a imprensa venezuelana em agosto de 2020 o défice de botijas de gás era de aproximadamente 70%, apesar de a Venezuela contar com grandes reservas de petróleo e de gás.

Muitos venezuelanos têm tentado atenuar a situação recorrendo ao uso de pequenas cozinhas elétricas, uma alternativa que nem sempre é viável devido aos apagões elétricos no país.

Táchira, Lara, Falcón e Zúlia são alguns dos estados onde a falta de gás e os apagões ocorrem com mais frequência, obrigando a população a cozinhar com lenha, que muitas vezes obtêm das árvores e arbustos das ruas locais, o que tem motivado chamadas de atenção de ativistas preocupados com a situação ambiental.

Em Caracas, segundo a imprensa local, estima-se que 35% dos residentes nos bairros de El Valle, Cátia, La Unión, Maca, José Felix Ribas e El Junquito, entre outros, têm de recorrer à lenha para cozinhar.

Na capital do país, a agravar a escassez está o alto preço do gás, perante os baixos salários, com a população a queixar-se de que o salário mínimo mensal é de aproximadamente um euro e que têm de pagar "até 10 dólares (8,3 euros) por uma botija".

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