Estudante condenada a prisão por alegar que Samuel Paty "merecia" morrer
Uma estudante de Biologia, de 19 anos, que escreveu na rede social Facebook que o professor decapitado há uma semana nos arredores de Paris, "merecia" morrer, foi hoje sentenciada a quatro meses de prisão por "desculpabilizar o terrorismo".
© Getty Images
Mundo França
A notícia é avançada pela agência France-Press (AFP), que também dá conta de que a jovem estudante terá de fazer um estágio de cidadania durante seis meses.
A jovem respondeu a uma reportagem do L'Est Républicain publicada na página da rede social Facebook deste diário regional: "Ele não merecia ser decapitado, mas sim morrer."
O comentário foi reportado por um utilizador e acabou com a detenção, na quinta-feira, enquanto a estudante estava a frequentar as aulas na Universidade de Besançon.
"Lamento ter escrito este comentário, peço desculpa. Sou contra o que escrevi", disse em tribunal a jovem estudante, ressalvando que escreveu "muito rápido" e "sem pensar", mas que "apagou nessa mesma noite" o comentário.
A estudante acrescentou que cometeu "um erro muito grave", garantindo que desconhecia as circunstâncias em que o professor de História e Geografia, Samuel Paty, foi morto - por exibir caricaturas do profeta Maomé durante uma aula sobre liberdade de expressão.
A jovem, proveniente de uma família muçulmana que fugiu da violência na Argélia, explicitou que não tinha nada contra o modo como o docente lecionava as aulas e que "vive a religião em casa".
A advogada da arguida defendeu que a estudante é uma "jovem bem inserida" na sociedade, que não tem por hábito ver as notícias e, por isso, não sabia as circunstâncias em que Samuel Paty morreu.
A jovem, prosseguiu a advogada, deparou-se com um "vídeo dos pais de um aluno", que denunciava a utilização de caricaturas de Maomé pelo professor.
"Imediatamente, ela fez o comentário, sem procurar informações, reagiu a quente" na 'social media', sustentou.
Samuel Paty, de 47 anos, lecionava as disciplinas de História e Geografia em Conflans-Sainte-Honorine, nos arredores de Paris (França), e foi decapitado na passada sexta-feira por Abdullakh Anzorov, um refugiado de origem russa e chechena de 18 anos.
O pai de uma aluna de Samuel Paty e o pregador islâmico Abdelhakim Sefrioui estão acusados de "cumplicidade em homicídio terrorista".
Outras cinco pessoas estão também formalmente acusadas, incluindo dois menores que terão identificado a vítima ao homicida, a troco de dinheiro, mas ficaram em liberdade sob custódia judicial.
Presos preventivamente estão ainda dois amigos do agressor, identificados como Naim B. e Azim E., indiciados com a mesma acusação, assim como de uma terceira pessoa próxima, Yussuf C., que incorre num crime de "conspiração terrorista" com vista à "execução de crimes contra pessoas".
Detido a aguardar pelo interrogatório sobre este crime encontra-se o pai da aluna, Brahim Chnina, que terá iniciado nas redes sociais uma campanha contra o professor e contra a decisão do docente de mostrar as caricaturas do profeta Maomé durante as aulas.
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