UE condena violência antes das presidenciais na Costa do Marfim
A União Europeia (UE) condenou hoje a violência na Costa do Marfim e manifestou a sua "preocupação" com a incerteza em torno das eleições presidenciais marcadas para 31 de outubro.
© SIA KAMBOU/AFP via Getty Images
Mundo Costa do Marfim
"Nas vésperas da primeira volta das eleições presidenciais na Costa do Marfim, a União Europeia deplora a grave violência dos últimos dias e manifesta a sua preocupação pela falta de consenso em torno do processo eleitoral", disse o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell.
A oposição da Costa do Marfim rejeitou na quinta-feira as concessões propostas pelo Governo sobre uma reforma da comissão eleitoral para acabar com o boicote às eleições e os confrontos em várias cidades, que fizeram pelo menos 11 mortos em Dabou, 50 quilómetros a oeste de Abidjan.
"A UE apela uma vez mais aos atores políticos para acelerarem o diálogo sobre os pontos de desacordo, e insta os vários grupos políticos e ativistas a rejeitarem explicitamente qualquer uso de violência e ameaças", reforçou Josep Borrell.
A União Europeia está preocupada com as tentativas de impedir que os cidadãos possam exercer o seu direito de voto e apela às instituições responsáveis pelas eleições para que "façam todo o possível para realizar eleições transparentes e credíveis, cujos resultados reflitam a forma como os marfinenses votam".
As declarações de Borrell surgem após a Frente Popular da Costa do Marfim (FPI), da oposição, ter afirmado que pelo menos dez pessoas foram mortas em confrontos pré-eleitorais no país desde o apelo à "desobediência civil" lançado pela oposição no início da campanha eleitoral.
Na quarta-feira, o Governo abriu a porta a uma reforma da Comissão Eleitoral Independente (CEI), um organismo que a oposição considera ser "subserviente" ao regime do Presidente, Alassane Ouattara.
Para os opositores de Ouattara, este não tem direito a candidatar-se a um terceiro mandato.
Eleito para a Presidência em 2010, quando substituiu Laurent Gbagbo, e reeleito em 2015, Ouattara tinha anunciado em março que não iria tentar um terceiro mandato, acabando por mudar de ideias após a morte do seu delfim, o primeiro-ministro Amadou Gon Coulibaly, em 08 de julho deste ano.
A Constituição da Costa do Marfim prevê um máximo de dois mandatos, mas o Conselho Constitucional decidiu que, com a aprovação de uma nova versão do texto fundamental do país, em 2016, o número de mandatos de Ouattara foi reposto a zero, algo contestado pela oposição.
Na Costa do Marfim paira um receio de uma repetição de mortais episódios de violência, à semelhança do que aconteceu após as eleições presidenciais de 2010.
Estima-se que 3.000 pessoas tenham morrido devido à recusa de Laurent Gbagbo em admitir a derrota face a Ouattara.
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