Líbia: Cessar-fogo é "imediato". Estrangeiros têm três meses para sair
O cessar-fogo acordado pelas partes em conflito na Líbia entra em vigor "imediatamente" e os combatentes estrangeiros terão três meses para abandonar o país, indicou hoje a enviada da ONU para a Líbia.
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Mundo ONU
É "um acordo nacional completo e permanente com efeito imediato", declarou Stephanie Williams aos jornalistas após a assinatura do acordo em Genebra, adiantando que o cessar-fogo deve ser acompanhado da saída da Líbia "dos mercenários e combatentes estrangeiros (...) num prazo máximo de três meses a contar de hoje".
"As partes líbias chegaram a um acordo de cessar-fogo permanente em toda a Líbia. Isto representa um ponto de viragem importante para a paz e a estabilidade no pas", tinha indicado antes a Missão de Apoio das Nações Unidas na Líbia (MANUL), liderada por Williams, que transmitiu em direto pela Internet a assinatura do pacto.
A assinatura do acordo, após cinco dias de negociações da comissão militar conjunta líbia em Genebra, sob a égide da ONU, durou uma dezena de minutos e foi seguida de uma salva de palmas.
"Estou honrada por estar aqui hoje com vocês para testemunhar um momento que ficará na história", afirmou Williams.
"Quero felicitá-los pelo que conseguiram. Foi precisa muita coragem. Uniram-se pelo bem da Líbia, pelo vosso povo para tomar medidas concretas e acabar com o seu sofrimento", adiantou em árabe.
A Líbia tem sido palco de violência e de lutas de poder desde a queda do regime de Muammar Kadhafi em 2011.
Duas autoridades disputam atualmente o poder: o governo de acordo nacional (GAN, reconhecido pela ONU e sediado em Tripoli) e as autoridades no Leste, uma parte do parlamento eleito, aliadas do poderoso marechal Khalifa Haftar. Cada um conta com patrocinadores internacionais.
"O caminho foi longo e difícil em alguns momentos. O vosso patriotismo permitiu-vos avançar e alcançar um acordo de cessar-fogo", assinalou a enviada da ONU para Líbia.
"Espero que este acordo contribua para acabar com o sofrimento do povo líbio e esperamos que permita aos deslocados e aos refugiados, no interior e no exterior do país, regressar às suas casas e viver em paz e segurança", disse ainda.
Os combates na Líbia causaram centenas de mortos e obrigaram à fuga de dezenas de milhares de pessoas.
"Espero que as gerações futuras de líbios vejam o acordo de hoje como um primeiro passo corajoso e essencial para alcançar uma solução global da crise líbia, que durou demasiado", sublinhou Williams, adiantando haver "muito trabalho" a fazer nas próximas semanas "para aplicar os compromissos do acordo".
Confirmada na cimeira internacional de 19 de janeiro de 2020 em Berlim, a comissão militar conjunta constitui uma das três vias percorridas em paralelo pela MANUL, juntamente com as vertentes económica e política.
Várias rondas de negociações têm ocorrido nos últimos anos e vários acordos foram anunciados, mas não aplicados.
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