"Pelo menos três pessoas morreram hoje, vi com os meus próprios olhos em Lambanyi e Sonfonia", dois bairros no norte da capital, afirmou o auxiliar Mamadou Kéganan Doumbouya, acrescentando que cerca de uma dezena ficou ferida.
Durante o dia de hoje foram registados vários confrontos entre jovens apoiantes do opositor Cellou Dalien Diallo, que reclamou vitória na segunda-feira, e a polícia, em particular em locais considerados bastiões da oposição, refere a AFP.
O Presidente cessante, Alpha Condé, que concorreu a um terceiro mandato, aos 82 anos, lançou, nas redes sociais, um apelo "à calma e à serenidade enquanto se aguarda o resultado do processo eleitoral em curso".
Na noite de terça-feira, a Comissão Eleitoral Nacional Independente (Ceni), responsável pela organização das eleições na Guiné-Conacri, anunciou os primeiros resultados do escrutínio de domingo em quatro dos 38 círculos eleitorais.
Dos resultados anunciados, Condé venceu, com larga margem, Diallo, tendo ultrapassado a maioria absoluta em três destes.
Ainda assim, um funcionário da Ceni alertou que não é seguro "extrapolar" estes resultados para um resultado nacional.
Diallo acusou o chefe de Estado de "fazer todo o possível para alterar os resultados das urnas a seu favor".
Condé mostrou-se, em caso de vitória, disponível para dialogar com a oposição.
No início da tarde de segunda-feira, Diallo tinha reclamado a vitória nas eleições de domingo "desde a primeira volta", apesar de os resultados oficiais não terem sido anunciados, levantando o receio de um intensificar das tensões num país que enfrentou meses de campanhas de contestação mortífera, algo que foi criticado pela Ceni, que considerou esta proclamação "nula e sem efeito".
Cerca de 5,4 milhões de eleitores escolheram no domingo o próximo Presidente da Guiné-Conacri, país vizinho da Guiné-Bissau, numa eleição marcada pela contestação à recandidatura de Alpha Condé e pela morte de dezenas de manifestantes.
Condé, primeiro chefe de Estado eleito democraticamente em 2010 após décadas de regimes autoritários na Guiné-Conacri, foi reeleito em 2015 para um segundo mandato e vai tentar agora um terceiro.
Durante um referendo em março, muito contestado, fez aprovar uma nova Constituição e de seguida considerou, com os seus apoiantes, que o novo texto lhe permite voltar a concorrer ao escrutínio.
Os seus adversários denunciaram um "golpe de Estado constitucional". Segundo a oposição, pelo menos 90 pessoas morreram no último ano devido a incidentes durante manifestações contra uma nova candidatura de Condé.