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Guterres propõe distensão no Golfo Pérsico semelhante à da Guerra Fria

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, disse hoje estar convicto de que a crise no Golfo Pérsico, entre Irão e Arábia Saudita, pode ser resolvida com modelos inspirados na tentativa de pôr fim à Guerra Fria.

Guterres propõe distensão no Golfo Pérsico semelhante à da Guerra Fria
Notícias ao Minuto

18:00 - 20/10/20 por Lusa

Mundo Guterres

"Tenho a esperança de que será possível estabelecer uma plataforma semelhante à de Helsínquia", explicou Guterres, perante o Conselho de Segurança da ONU, referindo-se ao modelo utilizado em 1972, durante a Guerra Fria, para reduzir a tensão entre as grandes potências.

O processo de Helsínquia, do qual participaram quase todos os países europeus, Estados Unidos e Canadá, resultou num documento nascido da tentativa de aliviar as tensões entre Estados Unidos e União Soviética, que se enfrentavam numa Guerra Fria.

A Ata de Helsínquia incluiu quatro blocos de trabalho a ser negociados em reuniões sucessivas, entre os quais a questão da soberania e o compromisso de que as fronteiras só poderiam ser modificadas de acordo com o Direito Internacional e por meios pacíficos.

Numa sessão do Conselho de Segurança dedicado à situação no Golfo, Guterres reconheceu que "as tensões estão a aumentar e a confiança a diminuir", admitindo que "alguns países possam sentir que outros estão a interferir nos seus assuntos, enquanto alguns podem acreditar que o seu papel regional não é reconhecido".

O secretário-geral da ONU referia-se, por um lado, à Arábia Saudita e aos seus aliados, que acusam o Irão de interferir nos seus assuntos e nos de países da região, especialmente o Iémen, Iraque, Síria e Líbano; e, por outro lado, ao Irão, que procura estender a sua influência na região.

Guterres lembrou os "incidentes de segurança" registados desde maio de 2019 "que elevaram as tensões a novos níveis, aumentando a preocupação com um conflito maior".

"Eles são um alerta gritante de que qualquer erro de cálculo pode ter graves consequências", acrescentou o secretário-geral da ONU.

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov, insistiu que "embora o pior cenário tenha sido evitado, a situação permanece frágil e pode tornar-se perigosa e imprevisível novamente, particularmente devido à presença de conflitos e confrontos devido a fatores religiosos".

No Iraque, assim como na Síria, no Líbano e no Iémen, Teerão apoia ou tomou partido de partidos ou grupos políticos xiitas, enquanto Riade e os seus parceiros defendem principalmente os sunitas.

Durante a reunião convocada pela Rússia, que este mês preside ao Conselho de Segurança, Guterres mais uma vez convocou "todas as partes interessadas a agir com a maior contenção e a abster-se de realizar ações que possam ter efeitos desestabilizadores".

Como possíveis passos imediatos para a construção da confiança, o secretário-geral propôs aplicar medidas de interesse comum para combater a pandemia de covid-19, promover a recuperação económica, assegurar a navegação marítima desimpedida e facilitar as peregrinações religiosas.

"A longo prazo, vejo o valor de estabelecer uma nova arquitetura de segurança regional para atender às legítimas preocupações de segurança de todas as partes interessadas. Vamos trabalhar para criar um clima de confiança e aumentar as perspetivas de diálogo regional. Vamos além das rivalidades e vamos reconhecer o que nos une", concluiu Guterres.

Por outro lado, a reunião sobre a crise no Golfo Pérsico mostrou mais uma vez a divisão existente no Conselho de Segurança entre Rússia e China, por um lado, e Estados Unidos e Europa, por outro.

Apenas os chefes de diplomacia russos, chineses, nigerianos, sul-africanos e vietnamitas atenderam ao apelo da Rússia, enquanto o restante dos países, incluindo Estados Unidos, Alemanha, França, Bélgica e Reino Unido, participaram apenas com os seus enviados permanentes nas Nações Unidas.

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