ONG insta EUA a esclarecerem se deportaram venezuelanos 'pela calada'
A organização não-governamental (ONG) Refugees International expressou hoje preocupação pela alegada deportação 'pela calada' de cidadãos venezuelanos pelos Estados Unidos, através de países terceiros, e exortou Washington a garantir publicamente que não realizou essas deportações.
© Reuters
Mundo Venezuela
"Estamos profundamente preocupados com os relatórios de que a administração [do Presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Donald] Trump, esteve envolvida em deportações secretas de venezuelanos desde os Estados Unidos até à Venezuela através de países terceiros, incluindo Trindade e Tobago", disse a porta-voz da organização, Aviva Shwayder, em comunicado citado pela agência espanhola Efe.
A Refugees International pronunciou-se depois de a denúncia ter sido feita, na sexta-feira, por um elemento da Comissão de Relações Externas do Senado norte-americano.
Esta informação foi avançada pelo senador democrata Bob Menendez que acusou o executivo de promover as deportações através de Trindade e Tobago, entre janeiro e março deste ano. O gabinete de Menendez pediu informações ao Departamento de Estado para tentar confirmar a veracidade destes factos.
A Refugees International assinalou que "ninguém deveria ser devolvido à Venezuela nas condições atuais" de instabilidade político-económica do país.
A nota explicita que o executivo norte-americano tem de garantir e assumir publicamente que "não está a deportar venezuelanos", e providenciar "informação detalhada sobre as deportações secretas através de países terceiros que tenham acontecido desde maio de 2019".
O número de venezuelano deportados não é conhecido, no entanto, Menendez, disse, na sexta-feira, que essas ações da administração liderada pelo republicano Donald Trump constituem violações da legislação dos Estados Unidos.
As viagens para a Venezuela a partir dos EUA estão proibidas desde maio de 2019, porque são consideradas perigosas dada a situação de instabilidade político-económico do país.
Menendez endereçou uma carta ao Secretário de Estado Mike Pompeo, à Secretária dos Transportes Elaine Chao e ao Departamento da Segurança Interna a pedir informações adicionais sobre as circunstâncias em que ocorreram estas deportações.
O representante do Departamento do Estado para a Venezuela e para o Irão, Eliot Abrams, garantiu em agosto que os Estados Unidos não estavam a deportar cidadãos da Venezuela porque era inseguro para estas pessoas regressar ao país de origem.
Contudo, há evidências de pelo menos 270 venezuelanos que foram deportados, a maioria sem quaisquer antecedentes criminais ou acusações em solo norte-americano. A grande maioria foi deportado contra a vontade.
Apesar de o número de venezuelanos deportados ser consideravelmente inferior ao de mexicanos e de cidadãos de outros países da América Central, a maior parte é requerente de asilo ou está a escapar à crise económica sem precedentes no país, piorada pelas sanções impostas por Washington.
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