No discurso proferido nas celebrações do Dia da República da China, nome oficial de Taiwan, Tsai Ing-wen referiu-se ao aumento da tensão entre os dois lados do estreito da Formosa, que atribuiu ao "assédio por ar e mar" de Pequim.
"O nosso compromisso com a nossa soberania e os nossos valores democráticos não vai mudar", avisou a Presidente da ilha, que acrescentou pretender manter uma "flexibilidade estratégica" para dar "resposta a mudanças".
Sobre o recente discurso do Presidente chinês, Xi Jinping, perante a Assembleia-geral da ONU, no qual o responsável garantiu que Pequim jamais vai procurar uma expansão hegemónica ou criar uma esfera de influência, a dirigente de Taiwan manifestou esperança que "seja o começo de uma mudança autêntica".
Se Pequim "estiver disposto a ouvir as vozes de Taiwan e mudar a forma de gerir as relações através do estreito, assim como a facilitar de forma conjunta a reconciliação e o diálogo pacífico, creio que a tensão regional pode ser verdadeiramente resolvida", afirmou Tsai.
Mas isto "não é algo que Taiwan possa assumir sozinho", mas uma "responsabilidade conjunta das duas partes", sublinhou.
Tsai salientou que o tema "mais urgente é falar de como viver em paz e coexistir com base no respeito mútuo, boa vontade e entendimento".
"Sempre que as autoridades de Pequim estiverem dispostas a resolver os antagonismos e a melhorar as relações através do estreito, e sempre que se mantenha a igualdade e a dignidade, estaremos dispostos a trabalhar em conjunto para organizar um diálogo positivo", insistiu a responsável.
Caso Pequim ignore este apelo para negociações, Tsai destacou também a capacidade defensiva da ilha, ao afirmar que "as únicas formas de garantir a segurança de Taiwan e de manter a paz regional são uma preparação adequada e uma força sólida de defesa".
A Presidente da ilha indicou que vai continuar a modernizar a capacidade de combate, com a aquisição de mais equipamento, fornecido sobretudo pelos Estados Unidos, o que resulta em fortes protestos de Pequim, e com o reforço dos sistemas de reserva e de mobilização de efetivos.
Taiwan vai continuar a guiar-se pelo princípio de "não temer, nem procurar a guerra", a trocar informação militar com "os países vizinhos e a reforçor alianças em matéria de segurança, disse.
Atualmente, nenhum país asiático mantém relações diplomáticas oficiais com a ilha, que Pequim considera uma província rebelde e sobre a qual afirmou já que não renunciará ao uso da força para conseguir "a reunificação" de Taiwan com o resto da República Popular da China.
Na sequência da guerra civil na China, que terminou com a vitória dos comunistas em 1949, as forças nacionalistas de Chiang Kai-shek refugiaram-se na ilha, onde mantiveram o seu regime até início dos anos de 1990, quando ocorreu a transição para a democracia.