Segundo o Ministério da Saúde quirguiz, os 16 feridos já estavam a receber assistência médica em diversos hospitais da cidade.
De acordo com informações avançadas pela AFP, dezenas de manifestantes tentaram escalar os portões da sede do governo, no centro da cidade, o que levou as autoridades a uma intervenção mais assertiva, recorrendo a granadas de atordoamento e gás lacrimogéneo para dispersar milhares de manifestantes.
Os confrontos prolongaram-se pela noite, com alguns manifestantes a atirarem pedras pelo meio de nuvens de gás lacrimogéneo e o barulho das granadas. Em causa está a vitória dos partidos políticos próximos do presidente pró-russo, Sooronbai Jeenbekov, e a suspeita de alegadas compras de votos, segundo observadores internacionais.
À tarde, vários milhares de pessoas reuniram-se na Praça Ala-Too, perto da presidência, entoando cânticos contra o presidente. "Jeenbekov fora!", gritou a multidão, num cenário que já havia sido o epicentro de duas revoluções em 2005 e 2010, que derrubaram dois presidentes.
"O presidente prometeu realizar eleições honestas mas não cumpriu a sua palavra", disse o candidato Ata Meken Ryskeldi Mombekov a cerca de 5.000 pessoas reunidas na praça, exigindo à comissão eleitoral a anulação da votação "no prazo de 24 horas".
Os partidos Birimdik (centro-esquerda) e Mekenim Kirghizstan (Minha Pátria Quirguistão, de direita), a favor de uma integração mais estreita de Bichkek na União Económica Euro-asiática, promovida por Moscovo, ganharam cada um 25% dos votos, depois de 98% do escrutínio já ter sido apurado.
O Birimdik tem o irmão mais novo do Presidente e também ex-chefe do parlamento nas suas fileiras, Asylbek Jeenbekov, enquanto o Mekenim Kirghizstan é suspeito de representar os interesses do clã de Rayimbek Matraimov, um antigo responsável da alfândega alvo de protestos anticorrupção no ano passado.
Espera-se também que o Partido do Quirguistão, que apoia o Presidente quirguiz, mantenha a sua posição no parlamento com mais de 8% dos votos. Duas outras formações políticas, uma nacionalista (Butun Quirguistão) e outra fundada por um antigo primeiro-ministro, aguardam para ver se ultrapassaram o limiar de elegibilidade de 7%.
Num ambiente de regimes autoritários, o montanhoso Quirguistão permanece um 'ilhéu' de pluralismo na região da Ásia central, recheada de antigas repúblicas soviéticas.
Mas devido à pandemia de covid-19, que agravou a pobreza da população, várias pessoas alertaram para o risco de corrupção massiva dos votos por parte dos partidos mais ricos.