AI exige às autoridades do Egito libertação de centenas de manifestantes
A Amnistia Internacional (AI) exortou hoje as autoridades egípcias a libertarem centenas de pessoas detidas em setembro no decurso de manifestações antigovernamentais, muito raras num país em estado de emergência desde 2017.
© Reuters
Mundo Amnistia Internacional
Em setembro, decorreram numerosas concentrações em regiões rurais e urbanas pobres, de acordo com testemunhos e vídeos difundidos na internet.
Os manifestantes protestavam contra as reformas económicas aplicadas desde 2016 e contra uma campanha destinada a terminar com as construções ilegais, e que designadamente prevê a aplicação de multas.
As manifestações estão proibidas no Egito desde 2013, na sequência do golpe de Estado liderado pelo marechal Abdel Fattah el-Sisi, atual Presidente, e o estado de emergência vigora desde 2017.
"O facto de estes manifestantes terem saído para a rua apesar de conhecerem o enorme risco para as suas vidas e segurança demonstra a amplitude do seu desespero para exigir os seus direitos económicos e sociais", revelou Philip Luther, responsável por esta organização não-governamental (ONG) de direitos humanos para o Médio Oriente e África do Norte, citado em comunicado.
"Apelamos às autoridades que procedam à imediata libertação e sem condições de todas as pessoas detidas apenas por terem exercido o seu direito à liberdade de expressão e se reunirem pacificamente", prosseguiu, sublinhando que "muitos [detidos] nem participaram nas manifestações".
Ao recorrer a dados de organizações locais, a AI afirma que, entre 10 e 20 de setembro, a polícia egípcia deteve entre 571 e 735 pessoas em 17 distritos, com idades entre os 11 e os 65 anos.
No domingo, o procurador indicou ter ordenado a libertação de 65 menores.
Cerca de 500 pessoas ainda permanecem na prisão e pelo menos duas foram mortas nos confrontos, afirmou hoje a Amnistia, que pediu um inquérito sobre as circunstâncias destas mortes.
No domingo, um homem foi morto a tiro durante incidentes entre manifestantes e a polícia indiciaram à agência noticiosa AFP familiares e fontes médicas.
Uma fonte dos serviços de segurança negou a utilização de armas de fogo pela polícia, ao referir que apenas dispararam gás lacrimogéneo para dispersa a concentração de protesto.
Estas manifestações ocorreram após Mohamed Ali, um conhecido empresário no exílio, ter apelado aos egípcios para descerem à rua em protesto contra Abdel Fattah el-Sisi e o Governo.
Este empresário do setor da construção civil e ator publicou em 2019 vídeos que se tornaram virais nas redes sociais, acusando El-Sisi e a elite militar de corrupção. Os vídeos originaram manifestações em todo e o país e cerca de 4.000 detenções.
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