"Há 11 anos, na conferência das partes, foi acordado que os países desenvolvidos iriam aportar em torno de cem biliões de dólares (85,3 mil milhões de euros] ao ano. Mas, estamos no ano de 2020 e até ao momento nós temos [de contributo] apenas em torno de 12 bilihões de dólares [10,2 mil milhões de euros]", afirmou, na quarta feira ao final da noite em Lisboa a diretora do departamento de economia ambiental e acordos internacionais do Ministério do Ambiente do Brasil.
Nelcilancia Pereira falava na sessão de encerramento de um ciclo de 23 conferências sobre soluções para a crise climática, promovida pelo Forum para Energia e Clima, que juntou os ministros do Ambiente de praticamente todos os países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) numa conversa, em ambiente virtual, sobre o tema, encontro no qual só não esteve presente o ministro brasileiro, Ricardo Salles.
Na impossibilidade do ministro estar presente, o Ministério do Ambiente do Brasil fez-se representar por uma diretora, que acrescentou: "se a gente fosse considerar a ajuda de cem biliões de dólares ao ano para os países em desenvolvimento, incluindo os da CPLP, a gente conseguiria alavancar ainda mais os esforços nesse sentido", do cumprimento da agenda climática.
Segundo a responsável do Ministério do Ambiente, o Brasil tem dado uma "contribuição importante" para a agenda da redução de emissões de gases com efeitos de estufa, "mas, ao mesmo tempo, reconhece a importância do cumprimento dos compromissos assumidos, para que se possa alavancar essa agenda, no âmbito dos países desenvolvidos".
"Assim como o Brasil, acreditamos que outros países em desenvolvimento podem estar também cumprindo os seus compromissos de redução de emissões e para a melhoria dos sistema mundial climático, mas não têm recebido o aporte e suporte que necessitam para melhorar ainda mais os esforços", sublinhou.
Por isso, defendeu que "é muito importante que quando se fala em fortalecer cooperação, em aumentar a ambição que se tenha uma cooperação efetiva entre todas as partes".
"Se a gente pensar em criação de riqueza e que é muito importante gerar condições de dignidade para as populações de cada um dos nossos países precisamos de reforçar os laços de confiança nos compromissos que todas as partes assumem", concluiu a diretora do Ministério do Ambiente brasileiro.
Nelcilancia Pereira de Oliveira manifestou ainda a disponibilidade do Brasil para cooperar com todos os países que assim o desejarem, "especialmente" com os da CPLP, nos esforços para o cumprimento da agenda climática "fundamental para o mundo".
Por último, a responsável sublinhou que o Brasil apela a todos os países e todas as partes para que façam "uma reflexão sobre as suas responsabilidades históricas e das necessidades, para que possam também assumir as suas responsabilidades atuais".
Na sessão de encerramento de um ciclo de 23 conferências sobre soluções para a crise climática, que decorreu esta quarta-feira ao final da noite , o Fórum da Energia e Clima juntou ministros do Ambiente da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) para uma conversa, transmitida em direto nas redes sociais.
Para o presidente do Fórum da Energia e Clima, Ricardo Campos, as "crises globais precisam de respostas globais e a frente lusófona pode ter um papel determinante, uma vez que representa 270 milhões de pessoas, com países muito diferentes e com necessidades também diferentes".
Assim, promover uma conversa em torno das Crises Globais e dar voz ao "espaço de amizade e cooperação" da CPLP é o principal objetivo do fórum, considerou.
A conversa entre os nove ministros do Ambiente da CPLP, não só foi transmitida em direto nas redes sociais (Facebook, Instagram e Youtube) como em alguns canais de televisão nacionais.