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Vitória de Trump será potencialmente mais perigosa, diz investigador

O diretor do Real Instituto Elcano de Estudos Internacionais e Estratégicos defende que, se Donald Trump vencer as presidenciais de novembro nos EUA, o segundo mandato será "ainda mais previsível e potencialmente mais perigoso do que o primeiro".

Vitória de Trump será potencialmente mais perigosa, diz investigador
Notícias ao Minuto

09:16 - 30/09/20 por Lusa

Mundo Charles Powell

Numa entrevista à agência Lusa, Charles Powell, diretor do Real Instituto Elcano de Estudos Internacionais e Estratégicos - um "think-tank" com sede em Madrid -, considerou que o resultado das presidenciais norte-americanas é "a resposta que vale 10 milhões de dólares" mas que, se o atual Presidente, Donald Trump, que se recandidata pelos republicanos, vencer, o que acredita que vai acontecer, o mundo estará com "sérios problemas".

"Acho que se Trump ganhar um segundo mandato, o que, aliás, acho que é o que vai acontecer, essa seria a minha previsão agora, então estamos com sérios problemas, porque, num segundo mandato, sentirá ainda menos razões pelas quais deveria controlar-se", afirmou. 

"Um segundo mandato de Trump será ainda mais previsível e potencialmente ainda mais perigoso do que o primeiro. Penso que o nível de conflito com a China provavelmente aumentará. Sendo esta a minha principal preocupação, ao mesmo tempo, tornará muito difícil a relação transatlântica sobreviver com a Europa", acrescentou.

Para Powell, que participa sexta-feira nas Conferências de Lisboa, evento online subordinado ao tema "A Aceleração das Mudanças Globais", a Europa terá de, provavelmente, "levar a sério o princípio de uma autonomia estratégica do multilateralismo em relação aos Estados Unidos" caso Trump vença Joe Biden, o candidato democrata à Casa Branca.

"Joe Biden, um multilateralista mais clássico, acredita na relação transatlântica e no futuro da NATO. Obviamente, isso não seria um retorno aos dias de ouro, à era de ouro das relações transatlânticas. Mas acho que sabemos pelo menos que Biden não tentará enfraquecer, que não tentará minar a União Europeia e, obviamente, não estará a tentar minar o Tratado do Atlântico Norte, a NATO", sustenta o investigador.

O diretor do Real Instituto Elcano, que fará uma alocução no painel "Democracia Liberal e Multilateralismo Debaixo de Fogo", considera, por isso, que Biden seria, "obviamente, a escolha preferível, um resultado preferível", apesar de ter de se ter em conta que muitas coisas mudaram para sempre nos Estados Unidos.

Para Powell, a situação agrava-se a partir do momento em que surgiu a pandemia de covid-19 e, com ela, os receios de que o mundo nunca mais será o mesmo, o que disse discordar.

"Vejo a pandemia como um acelerador das tendências que já existiam, os problemas e fenómenos e tendências que já existiam antes de a pandemia atacar. Em termos do futuro do multilateralismo, acho que a chamada ordem internacional liberal já estava sob forte pressão e a pandemia simplesmente acelerou e agravou a situação", justificou.

"E o resultado é que estamos a caminhar para um mundo multipolar, com uma rivalidade e conflitos crescentes entre as grandes potências. E, claro, o maior exemplo disso é a rivalidade crescente entre a China e os Estados Unidos. Estamos a caminhar para um sistema internacional mais caótico, potencialmente mais imprevisível e certamente menos facilmente governado", alertou. 

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