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Europa tem sido resiliente no combate ao vírus, diz historiador

O historiador Charles Powell, diretor do Real Instituto Elcano, considera a resposta europeia à covid-19, apesar de algum populismo, "resiliente" e "razoável", com bons passos dados a nível económico, que permitirão obter um impacto fora do comum.

Europa tem sido resiliente no combate ao vírus, diz historiador
Notícias ao Minuto

09:21 - 30/09/20 por Lusa

Mundo Charles Powell

Numa entrevista à agência Lusa, Charles Powell, diretor do Real Instituto Elcano de Estudos Internacionais e Estratégicos, um "think-tank" com sede em Madrid, sublinhou que a pandemia do novo coronavírus mostrou que a União Europeia (UE), ao aprovar medidas económicas, terá maiores possibilidades de gerar uma "forte recuperação".

"Após um início muito lento, a UE respondeu muito bem. E, em geral, o que isso me sugere é que a Europa se tornará cada vez mais autónoma", disse o historiador.

"Este conceito de autonomia estratégica já existia antes da pandemia. Nós aplicamo-lo principalmente à nossa política de segurança interna. Agora estamos a começar a aplicá-la a coisas como saúde, tecnologia, até mesmo a reindustrialização e reindustrialização das economias europeias. Por outras palavras, a pandemia voltou a acelerar a consciência da Europa para a necessidade de desenvolver uma autonomia genuína", afirmou Powell.

O diretor do Real Instituto Elcano, que participa sexta-feira nas Conferências de Lisboa, evento online subordinado ao tema "A Aceleração das Mudanças Globais" e no painel "Democracia Liberal e Multilateralismo Debaixo de Fogo", defendeu que a UE "não terá alternativa a não ser "assumir a responsabilidade e começar a levar a política mais a sério".

"A Europa subestimou a China e talvez a tenha entendido mal. A Europa foi ingénua na sua abordagem inicial da ascensão da China, mas agora isso mudou. E se [o Presidente dos Estados Unidos, Donald] Trump vencer novamente [as presidenciais] em novembro, a Europa também terá de reavaliar a sua relação com os Estados Unidos", sublinhou.

"É verdade que [a UE] tem as suas próprias divisões internas, norte, sul, leste, oeste, nações devedoras e nações credoras", referiu, defendendo, contudo, ser "prematuro" avaliar um regime, ou regimes, quando se trata de observar como os países responderam à pandemia.

"Houve países, como a Suécia, Coreia do Sul, Japão ou Taiwan, que lidaram muito bem com a pandemia. E temos também algumas autocracias que lidaram bem com a pandemia, possivelmente não de início, mas certamente, agora, os chineses, por exemplo, parecem estar a lidar muito bem com ela", defendeu Powell.

Nesse sentido, prosseguiu, "não há uma correlação fácil" entre um qualquer regime e o sucesso ou fracasso ao lidar-se com uma pandemia e não é apenas o tipo de governação que determina a sua capacidade de reagir à liderança.

"É claro que os líderes populistas lidaram com a pandemia de maneira particularmente má, e creio que é provavelmente uma generalização razoável. Falamos de Trump, Boris Johnson [primeiro-ministro britânico] e de [o Presidente brasileiro, Jair] Bolsonaro. Noutras palavras, líderes populistas que têm sido bastante económicos com a verdade ao analisar a situação e ao comunicar com os seus eleitorados", opinou.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de um milhão de mortos e mais de 33,4 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

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