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Líbano: Adib garante que consenso era já inexistente há um mês

O primeiro-ministro demissionário do Líbano, Moustapha Adib, explicou hoje ter apresentado a renúncia ao cargo porque o consenso entre os partidos para a formação do Governo era já inexistente há um mês.

Líbano: Adib garante que consenso era já inexistente há um mês
Notícias ao Minuto

13:13 - 26/09/20 por Lusa

Mundo Líbano

Numa mensagem na televisão libanesa, em que apresentou as razões para a demissão, concretizada hoje, Adib salientou que a falta de consenso o impossibilitou de formar um executivo capaz de avançar com o processo de reformas de que o país necessita.

"À medida que os esforços para formar Governo chegavam às últimas etapas, ficou evidente que não existia um consenso pelo qual esperava e pelo qual aceitei esta missão nacional nestas difíceis circunstâncias da História do Líbano", sustentou.

Adib admitiu que a formação de um executivo com as especificações que tinha definido "estava já condenada ao fracasso" e manifestou "preocupação" em relação à unidade nacional, sobretudo com a respetiva "constitucionalidade e credibilidade".

A mensagem de Adib ocorreu depois de, pouco antes, se ter reunido com o Presidente libanês, Michel Aoun, a quem apresentou a renúncia, menos de um mês depois de ser nomeado para a tarefa de formar um Governo.

Na mensagem ao país, Adib referiu que teve a "honra" de poder aceitar a tarefa a 31 de agosto passado com o objetivo de alcançar em duas semanas um executivo com uma "missão específica e pormenorizada", com base na reforma que os libaneses exigem.

"Estava muito otimista, sabendo que os pormenores específicos tinham sido acordados pelos principais partidos no Parlamento e que estes se tinham comprometido com o Presidente francês, Emmanuel Macron, o autor da iniciativa de um possível resgate internacional para o país", afirmou Adib.

Macron visitou por duas vezes o Líbano desde que, a 04 de agosto, uma explosão no porto de Beirute provocou cerca de duas centenas de mortos e mais de 7.000 feridos, o que levou à queda do anterior executivo de Hassan Diab.

O Presidente francês lançou também uma conferência internacional para obter fundos financeiros para apoiar o Líbano, país que já então se encontrava no meio da sua pior crise económica desde o final da guerra, em 1990.

Na altura, os partidos políticos libaneses aprovaram o compromisso com a iniciativa francesa e sobretudo com a formação de um Governo de Emergência.

O primeiro-ministro demissionário, diplomata de carreira, não pormenorizou em que consistem as divergências, nem atribuiu diretamente responsabilidades a qualquer uma das forças políticas do país, mas pediu "desculpa" por não ter conseguido atingir o objetivo, tendo desejado "boa sorte" a quem o suceder.

"Insisto que esta iniciativa [de Macron] deve prevalecer porque expressa a intenção sincera do amigo Estado francês, em particular do Presidente Macron, de apoiar o Líbano", concluiu.

A renúncia ameaça deitar por terra os esforços diplomáticos feitos por Macron para quebrar o grave impasse político no país, atingido também por uma severa crise financeira, que foi agravada pela explosão de início de agosto no porto de Beirute.

O Presidente francês tem vindo a pressionar os políticos libaneses a negociarem uma solução política estável para, assim, poderem promulgar reformas urgentes.

Mas, apesar de contar com o apoio francês, Adib enfrentou vários obstáculos na cena política nacional, com os principais grupos xiitas do país, Hezbollah e Amal, a exigirem ficar com a pasta das Finanças no novo governo.

O Hezbollah e o Amal insistem em nomear os ministros xiitas do novo executivo, tendo condenado a formação do executivo sem a sua consulta.

Além do impasse político, o Líbano está mergulhado numa grave crise económica, dita como a pior da história moderna no país, já que falhou pela primeira vez o pagamento da sua dívida externa, tem uma moeda local em colapso e assiste ao aumento da inflação, da pobreza e do desemprego.

A crise foi agravada pela explosão de 04 de agosto no porto de Beirute, causada pela detonação de milhares de toneladas de nitrato de amónio.

Antigo protetorado francês, o Líbano precisa desesperadamente de ajuda financeira, mas França e outras potências internacionais recusam-se a prestar tal apoio antes de serem feitas reformas estruturais no país, desde logo devido à corrupção sistemática e à má gestão.

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