"Lamentamos esta decisão de Sófia de declarar 'persona non grata' os colaboradores da representação comercial russa na Bulgária com base em acusações infundadas", declarou o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo.

A Rússia denunciou uma "tentativa de minar" a relação bilateral e disse que o Ministério iria tomar medidas de retaliação, que serão anunciadas posteriormente.

Se a Rússia seguir a sua política usual nesta área, deverá anunciar em breve a expulsão de dois diplomatas búlgaros.

Os procuradores búlgaros disseram na quarta-feira que os dois diplomatas recolhiam desde 2016 "informações sobre os projetos de modernização do exército búlgaro" e devem agora deixar a Bulgária no prazo de 72 horas.

"O seu objetivo era entregar as informações coligidas, que constituem segredo de Estado, aos serviços de informação militar russos em Moscovo", disse o procurador búlgaro responsável pela investigação.

De acordo com a justiça, os diplomatas foram auxiliados por dois cidadãos búlgaros no acesso a informações sobre a indústria militar, tendo sido pagos pelos seus serviços.

A Bulgária, membro da NATO desde 2004 e da União Europeia desde 2007, tradicionalmente mantém relações políticas e económicas estreitas com Moscovo, mas os casos de espionagem envolvendo cidadãos russos estão a aumentar.

Em outubro de 2019, um primeiro diplomata russo acusado de espionagem foi expulso e, em janeiro de 2020, um segundo diplomata foi enviado de volta para Moscovo, junto com um funcionário da embaixada russa em Sófia.

Esse tipo de incidente também se multiplicou na Europa nos últimos meses, num contexto de crescentes tensões entre russos e Ocidentais.

A Rússia anunciou no final de agosto a expulsão de três diplomatas eslovacos por "medida de reciprocidade" após a expulsão de três diplomatas russos.

Poucos dias antes, um diplomata norueguês foi convidado a deixar o território russo em resposta à expulsão de um diplomata russo pela Noruega em meio a um caso de espionagem.

Anteriormente a este caso, um diplomata austríaco havia sido declarado 'persona non grata' na Rússia em retaliação pela expulsão de um diplomata russo de Viena em meio a um caso de espionagem industrial.

Em junho, Moscovo expulsou dois diplomatas checos, novamente uma medida de "reciprocidade", após a expulsão de dois diplomatas russos, desta vez num cenário de falsos planos para envenenar políticos.

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