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Jornalista marroquino Omar Radi compareceu hoje perante juiz de instrução

O jornalista e militante dos direitos humanos marroquino Omar Radi, em prisão preventiva desde final de julho, foi interrogado hoje pela primeira vez por um juiz de instrução em Casablanca, num duplo caso de violação e espionagem com amplo eco mediático.

Jornalista marroquino Omar Radi compareceu hoje perante juiz de instrução
Notícias ao Minuto

14:13 - 22/09/20 por Lusa

Mundo Justiça

Detido no final de julho e de seguida encarcerado por "financiamentos estrangeiros", "atentado à segurança interna do Estado" e "violação", o jornalista de 34 anos compareceu à porta fechada perante o juiz de instrução da câmara criminal do tribunal de apelo de Casablanca, indicou a agência noticiosa AFP.

Esta audiência surge após um outro processo previsto para quinta-feira em Casablanca, relativo a uma altercação que no início de julho implicou a acusação por "embriaguez na via pública com insultos e injúrias".

Omar Radi tinha já sido condenado no início do ano a quatro meses de prisão com pena suspensa por "ultraje à magistratura" após um 'tweet' em que criticava um juiz.

Na manhã de hoje, cerca de 20 militantes e próximos reuniram-se frente ao tribunal para manifestar o seu apoio, que também tem sido emitido por diversas organizações não governamentais (ONG).

"Libertem Radi e todos os detidos", "o jornalismo não é um crime", "processo duvidoso", foram algumas das palavras de ordem dos manifestantes, numa referência às diversas petições de apoio divulgadas em Marrocos e à campanha conduzida por organizações internacionais, incluindo a Human Right Watch (HRW) e Amnistia Internacional (AI), que denunciam uma "perseguição judicial".

Em contraste, as autoridades marroquinas asseguram que "Marrocos não tem problemas com a liberdade de expressão" e rejeitam qualquer crítica ao invocarem uma justiça independente "após duas décadas de aquisições em matéria de direitos humanos".

O pai do jornalista, Drisse Radi, considerou, no entanto, que "o processo está vazio, e que Omar é perseguido pelas suas opiniões", disse à AFP durante a manifestação.

O inquérito relacionado com as acusações de espionagem foi iniciado no final de junho um dia após a publicação de um relatório da AI em que se referia que o telefone de Omar Radi estava sob escuta através de um sofisticado programa de pirataria utilizado pelas autoridades marroquinas e acusa a Amnistia de promover "uma campanha internacional de difamação".

Por sua vez, Omar Radi diz ser alvo de uma "vingança" do poder marroquino que foi desencadeada pela publicação desse relatório.

Por duas vezes a AI já tinha documentado atos de espionagem dirigidos a opositores, em 2012 contra o grupo "Mamfakinch" (Não cedemos), e em 2019 contra o advogado especializado na defesa de ativistas da região do Rif, Abdesadeq Buchtaui, que segundo a organização acabou finalmente por obter asilo político em França.

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